Opinião – Cartas ao Director
Boletim da Sociedade Portuguesa de Matemática, n.º 36, Abril 1997, págs. 113-114

 

Ex.mo Senhor Presidente da SPM

            O n.º 35 do Boletim da SPM, datado de Outubro de 1996, abre com um texto assinado pela “Presidente da Direcção em exercício”, que contém inexactidões de facto sobre a SPM. Ignorando se algum membro da Direcção que saiu em 1995 tomará posição, resolvi escrever esta carta sobre aquilo que conheço, agradecendo a sua publicação no Boletim.

            Diz-se no referido texto: “Os últimos anos da vida da Sociedade foram marcados pela debandada de quase dois mil sócios (dos cerca de três mil sócios inscritos, apenas 1300 pagaram quotas em 1994).” Esta frase contém um erro de facto. Não houve nenhuma debandada de sócios, nem de dois mil, nem de duzentos, nem de vinte. A SPM nunca teve três mil sócios. De 1990 a 1995 (mandatos dos Profs. Artur Alves e António St. Aubyn), o número rondou os mil e oitocentos, dois mil. O que as sucessivas Direcções da SPM fizeram, desde há mais de dez anos – desde 1982, creio – e numa prática que julgo ser corrente, foi nunca destruir fichas de sócios do seu registo. Este contém, sem uso, fichas de sócios falecidos, fichas de sócios que saíram há muitos anos, fichas duplicadas ou triplicadas por via de reinscrições de sócios que saíram e voltaram a entrar, ou que mudaram de morada ou mesmo de nome sem anular a ficha anterior. Não admira que no total haja três mil fichas, embora me pareça que são menos.

            Conheço bem estes factos porque, nos anos em que fui editor do Boletim da SPM, me informei periodicamente junto das Direcções da SPM sobre o número de sócios com a quota em dia e de sócios com a quota atrasada um ou dois anos, grupos a quem normalmente o Boletim era enviado. Em cada ano, pagavam espontânea e pontualmente as suas quotas cerca de mil sócios (em geral ao receber os Boletins). Os restantes oitocentos ou mil eram, algum tempo depois, contactados por circular da Direcção, com uma alta “taxa de sucesso”. Com esta política, conseguiu a SPM manter o seu número de sócios “efectivos”, com ligeiro crescimento nos últimos anos até Abril de 1995. (Para a situação no início da década, ver o Boletim n.º 17, Junho 1990, págs. 98-105).

            Não sei se em fins de 1994 foi enviada a tal circular aos “retardatários”. Tenha sido ou não, haver no início de 1995 mil e trezentos sócios com as quotas de 1994 pagas era uma situação que se pode considerar melhor que a habitual anteriormente (e, segundo o Relatório de Actividades da Direcção cessante, muito melhor do que a que ela própria deixa).

            Esta política de quotas, continuada durante anos, permitiu, evitando excessivos aumentos de quotização sempre desagradáveis para os associados, manter a SPM, até Abril de 1995, sem dívidas e sem dificuldades com as despesas correntes (ver Boletim n.º 25, Março 1993, págs. 101-108, e Boletim n.º 32, Agosto 1995, pág. 122).

Sobre o resto do texto que abre o n.º 35 do Boletim, não faço qualquer comentário, a não ser o seguinte: como sócio da SPM, agradeço aos matemáticos de todo o país que, nos últimos anos e até Abril de 1995, publicamente colaboraram com a SPM, a diversos títulos, nos Encontros Nacionais, nas Escolas de Verão e outras, na Portugaliae Mathematica, no Boletim, nos textos matemáticos editados, nas Olimpíadas Nacionais, Internacionais e Ibero-Americanas, nas comemorações dos 50 anos da SPM (ver o Boletim n.º 19, Fevereiro 1991), na Sociedade Europeia de Matemática, nas actividades das delegações regionais e das secções e em centenas de palestras e encontros por todo o país.


Com os melhores cumprimentos

Coimbra, 17 de Dezembro de 1996

João Filipe Queiró