ORGANIZADORA: ISABEL NARRA FIGUEIREDO
Departamento de Matemática, FCTUC

 

 

 

PAULA DE OLIVEIRA, Departamento de Matemática, FCTUC
A SIMULAÇÃO NUMÉRICA NA INDÚSTRIA DO PAPEL

RESUMO
A indústria do papel ocupa um lugar particularmente importante nas economias europeias. Para melhorar a qualidade da pasta de papel é fundamental dispôr de métodos numéricos que simulem a experimentação em situações em que esta comporte riscos ou que assuma alguma complexidade.

Na indústria da pasta de papel o equipamento central, que se designa por digestor, é um reactor de leito móvel onde ocorre a transformação de aparas de madeira em pasta de papel.

Neste trabalho ilustramos a interface entre um processo industrial muito complexo - o funcionamento do digestor - e a modelação matemática, evidenciando-se que esta relação interdisciplinar pode ser muito frutuosa, pois fornece, do ponto de vista da Engenharia Química, uma alternativa à experimentação, mais flexível e económica e, do ponto de vista da matemática, porque sugere um vasto número de problemas passíveis de serem objecto de investigação fundamental.

O funcionamento do reactor é explicado de modo simples, sendo introduzidas as equações de derivadas parciais de difusão - convecção - reacção que descrevem tal funcionamento. A solução analítica deste sistema não sendo conhecida, são introduzidos métodos numéricos que fornecem simulações precisas, relativas à concentração de reagentes e à temperatura a que decorrem as operações.

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HÉLDER RODRIGUES, Departamento de Engenharia Mecânica, IST
PROJECTO ÓPTIMO DE MICRO ESTRUTURAS DE MATERIAIS CELULARES

RESUMO
O projecto óptimo da micro estrutura de materiais celulares é actualmente uma das áreas de maior desenvolvimento e aplicação em optimização estrutural.
Neste trabalho é apresentado um modelo de optimização de topologia aplicado à identificação da micro estrutura óptima de materiais celulares sujeitos a condições de carregamento múltiplo.

É formulado o modelo analítico do problema recorrendo a um método assimptótico de homogeneização para caracterizar as propriedades mecânicas equivalentes do material celular e utilizando uma função objectivo (ou de custo) que caracteriza a rigidez global da micro estrutura na qual o carregamento múltiplo é introduzido através da soma ponderada da energia de deformação associada a cada uma das cargas aplicadas.

Em seguida são apresentadas as condições necessárias que caracterizam a micro estrutura óptima e é desenvolvido o respectivo modelo computacional utilizado na sua resolução. Por fim são apresentados diversos exemplos de aplicação que substanciam os desenvolvimentos apresentados e os resultados numéricos obtidos são analisados e comparados com soluções limite obtidas analiticamente.

Trabalho conjunto com: J. M. Guedes (IDMEC, IST) e M. P. Bendsoe (Department of Mathematics, Technical University of Denmark).

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RAFAEL SANTOS, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade do Algarve
MÉTODOS MÓVEIS: ESTIMAÇÕES DE ERRO NA FORMULAÇÃO MISTA DE EQUAÇÕES DE DERIVADAS PARCIAIS

RESUMO
A utilização de malhas móveis para a resolução de equações de derivadas parciais é aconselhável quando a solução procurada apresenta grandes variações em regiões localizadas do seu domínio, podendo estas variar com o tempo. Um exemplo são os problemas de convecção-difusão.

Aqui, analisa-se um método de elementos finitos móveis para a equação delta_t - grad . (a grad u + bu) = f, no contexto de uma formulação mista, isto é, considera-se o problema de aproximar (u,sigma), solução de

(alpha sigma + (beta + alpha x') u - (u, div X ) = 0, para todo o X em H(div,Omega),

(Du/Dt + div sigma + (grad . x')u, r) = (f,r), para todo o r em L^2(Omega).

em que Omega é subconjunto de Rn e H(div,Omega) representa o conjunto das funções de L^2(Omega) cuja divergência pertence a L^2(Omega). A solução aproximada (u_h, s_h) em V_h × H_h em que V_h é um espaço de polinómios e H_h é o correspondente espaço de Raviart-Thomas. Após a introdução de um operador (pseudo-)inverso do operador divergência e do estudo de algumas das suas propriedades, prova-se a estabilidade do método mediante algumas hipóteses sobre a regularidade de Omega e sobre os operadores de projecção sobre V_h e H_h, e também com algumas restrições sobre o tamanho dos elementos e o movimento da malha. A estabilidade é demonstrada através do método de energia obtendo-se estimações de erro em normas naturalmente associadas ao problema. No caso particular de uma dimensão de espaço consegue-se obter um resultado de superconvergência.

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ADÉLIA SEQUEIRA, Departamento de Matemática, IST
MODELOS MATEMÁICOS E NUMÉRICOS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

RESUMO
A estrutura geométrica da rede vascular e a composição heterogénea do sangue, assim como as interacções mecânicas e bioquímicas com as paredes dos vasos e o movimento pulsátil do fluxo sanguíneo, são fenómenos extremamente complexos. Torna-se por isso impossível a construção de um modelo matemático tridimensional não-estacionário de todo o sistema circulatório que permita a simulação destas características e a sua aplicação ao estudo dos efeitos hemodinâmicos nos diversos tipos de doenças cardiovasculares. Um dos desafios da investigação nesta área consiste no desenvolvimento de um modelo matemático que, tendo em conta os recursos computacionais disponíveis, seja exequível e inclua as complexidades mais relevantes do sistema cardiovascular.

As propriedades reológicas do sangue e dos seus elementos desempenham um papel importante na fisiologia da circulação sanguínea. É geralmente aceite numa primeira aproximação, e em particular no que se refere à circulação nos vasos de grande e médio diâmetro, que o sangue se comporta como um meio contínuo, com características uniformes de tipo fluido Newtoniano incompressível. Contudo, o sangue é um fluido viscoelástico com comportamento pseudo-plástico e, pelo menos a nível da microcirculação, estes efeitos não podem ser subestimados. A análise e simulação numérica de modelos de fluidos não-Newtonianos representativos das principais características reológicas do fluxo sanguíneo (em particular da sua microestrutura anisotrópica) e a correspondente validação através de parâmetros hemodinâmicos e reológicos obtidos in vivo, constitui um dos objectivos fundamentais da investigação nesta área.

Importa salientar ainda a importância da natureza multiescalar do sistema circulatório e o facto de o comportamento local do fluxo sanguíneo poder ter um efeito global na circulação. O desenvolvimento e análise de modelos multiescala do sistema circulatório do sangue é um tema de abordagem muito recente. Baseia-se em metodologias que associam modelos matemáticos de complexidade e dimensão espacial diferentes, nomeadamente modelos 3-D de interacção fluido-estrutura para o escoamento em pequenas secções vasculares, com modelos de aproximação para a simulação em larga escala, 1-D e de tipo lumped parameters, menos dispendiosos do ponto de vista computacional. O desafio consiste em obter simuladores computacionais eficientes para todo o sistema vascular, permitindo em simultâneo uma representação detalhada de morfologias específicas.

Neste seminário serão apresentados os aspectos fundamentais da análise matemática e da simulação numérica de modelos locais e globais de tipo multiescala do fluxo sanguíneo no sistema cardiovascular humano.

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FILOMENA DIAS D'ALMEIDA, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
MÉTODOS BASEADOS EM SUBESPAÇOS DE KRYLOV

RESUMO
Os métodos iterativos mais recomendados hoje em dia para a resolução de grandes sistemas, pela sua rapidez, e convergência em grande número de casos, são os métodos baseados em subespaços de Krylov.

A ideia base deste tipo de métodos é procurar uma solução aproximada para o sistema Ax = b num subespaço de Krylov afim x_0 + K_m(A, r_0) =
{v: v = x_0 + \sum_{i=0}^{m-1} = c_i A^i r_0}, sendo K_m(A, r_0) gerado por (r_0, A r_0 , ... , A^{m-1} r_0 ), onde r_0 é o resíduo de uma solução inicial x_0 dada.

A ortogonalização da base do subespaço de Krylov em causa, é feita por um processo de Gram-Schmidt modificado, e a projecção do problema Ax = b nesse subespaço, por um processo de Lanczos, ou de Arnoldi, no caso não simétrico, conduzindo a um problema projectado, de menor dimensão, tridiagonal, no caso simétrico, e da forma de Hessenberg, no caso não simétrico.

O problema a resolver, no subespaço de menor dimensão, caracteriza os diferentes métodos de tipo Krylov.

No caso do método do Gradiente Conjugado (CG), que também se pode relacionar com o método da descida mais rápida, no subespaço K_m(A, r0) resolve-se um problema de minimização da norma-A do erro. Isto é equivalente a impor que o resíduo de x_m seja ortogonal a qualquer vector de K_m.

As tentativas de generalização deste método ao caso não simétrico, em que os resíduos não são ortogonais, deram origem a vários métodos, entre os quais o mais robusto é o método GMRES, Generalized Minimum RESidual.

Outros métodos iterativos minimizam o espaço memória requerido, embora sejam menos robustos. É o caso dos métodos BiCG, CGS, BiCGSTAB, QMR.

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A. PINTO DA COSTA, Departamento de Engenharia Civil, IST
SISTEMAS COM CONTACTO UNILATERAL E ATRITO DE COULOMB:
ESTUDO LOCAL DE TRAJECTÓRIAS QUASE-ESTÁTICAS

RESUMO
Nesta apresentação estudam-se numericamente algumas propriedades locais de trajectórias quase-estáticas de sistemas mecânicos de dimensão finita, em contacto unilateral com atrito com obstáculos rígidos. Este tipo de problemas é regido por um conjunto de equações e condições de comportamento não-suave, isto é, que envolvem operadores não-diferenciáveis nos sentidos de Fréchet ou de Gâteaux. Do estudo de sistemas de pequena dimensão sabe-se que à não-suavidade dos problemas correspondem algumas características locais notáveis nas trajectórias de equilíbrio, nomeadamente, a ocorrência de pontos limite angulosos e de segmentos contínuos de pontos de bifurcação.

De entre os vários problemas de contacto unilateral com atrito, um que capta as características locais das trajectórias é o problema quase-estático nas taxas, em que intervêm as derivadas (à direita) dos deslocamentos e das reacções de contacto. Utilizando mudanças de variáveis apropriadas, é possível estabelecer diferentes formulações para o problema das taxas, que podem ser úteis nos estudos de existência/unicidade de solução ou na obtenção numérica de soluções. Nesta comunicação apresentam-se duas formulações para o problema das taxas: uma conduz a um problema de complementaridade explícito misto, em que as condições de complementaridade envolvem pares de variáveis (cinemáticas e estáticas) pertencentes a um par de cones duais; a outra formulação conduz a um problema de complementaridade linear, em que todos os pares de variáveis complementares pertencem ao primeiro quadrante. O problema das taxas tem uma natureza combinatória, no sentido de que o número de comportamentos tangentes que o sistema mecânico pode exibir a partir de um estado de equilíbrio é função (de crescimento exponencial) do número total de combinações das várias possibilidades de evolução das diversas partículas em deslizamento iminente e em contacto sem reacção. É possível efectuar estudos numéricos completos sobre a ocorrência de bifurcações, se se aplicar um algoritmo devido a De Moor, que permite calcular todas as tangentes aos ramos de trajectória de equilíbrio que se iniciam num estado de equilíbrio. Este algoritmo baseia-se em considerações geométricas, é directo e não envolve inversões de matrizes.

Os estudos numéricos apresentados referem-se a um modelo de elementos finitos para uma versão contínua de um exemplo originalmente proposto por Klarbring e que envolvia uma única partícula de contacto. Comparam-se os resultados obtidos com o modelo de elementos finitos com os do modelo original de Klarbring, mostrando-se que, tal como ocorre no modelo com uma só partícula, também o modelo de elementos finitos pode ter multiplicidade ou ausência de solução, para certas direcções das taxas de carregamento e para valores suficientemente elevados do coeficiente de atrito.

Trabalho conjunto com: J. A. C. Martins (Departamento de Engenharia Civil, IST).

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