ORGANIZADOR: LUÍS SARAIVA
Departamento de Matemática, FCUL


 

 

 

JAIME CARVALHO E SILVA, Departamento de Matemática, FCTUC
UMA NOVA VISÃO DO PAPEL DE CARDANO NO DESENVOLVIMENTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS

RESUMO
Os textos de História da Matemática contêm invariavelmente
algo semelhante ao que aparece no excelente livro de Viktor Katz: "Much else of interest is found in Cardano's masterpiece, including ... the first appearance of complex numbers, not in connection with cubic equations, but in connection with a quadratic problem (...) Cardano thus left off the discussion and wrote no more about complex numbers." Tentaremos analisar esta última afirmação à luz de vários extractos da obra "Ars Magna" de Cardano.

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CARLOTA SIMÕES e JOÃO FERNANDES, Departamento de Matemática, FCTUC
SOBRE O INÍCIO E O FIM DOS TEMPOS

RESUMO
O início e o fim dos tempos foram sempre uma preocupação para a humanidade. Do ponto de vista da astronomia, diversas perspectivas têm sido apresentadas ao longo dos séculos. Desde Kepler a Hubble, de Ussher a Hawkins, várias têm sido as propostas para uma pergunta ainda sem resposta. Para Kepler e Ussher, o início dos tempos estaria determinado por uma certa configuração dos planetas no céu, manifestando simetrias que só poderiam ter sido criadas por um ser superior. Para Hubble e Hawkins, o início assenta na teoria do Big Bang e na observação do afastamento das galáxias. Quanto ao fim dos tempos, discutiremos várias propostas e vários modelos que têm sido sugeridos ao longo da História tanto por filósofos como por astrónomos.

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JOSÉ MANUEL C. TEIXEIRA, Esc. EB 2,3 de Soares dos Reis, Vila Nova de Gaia
A POLÉMICA DO SÉC. XVIII SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS SÉRIES DIVERGENTES NAS DEMONSTRAÇÕES

RESUMO
No século XVIII, a primeira questão que se colocava no estudo de uma série infinita não era a da sua convergência, mas a de encontrar um processo que permitisse atribuir-lhe uma soma. A teoria das séries fazia parte da álgebra, a qual era vista como uma aritmética generalizada. De acordo com esta visão, acreditava-se que os métodos válidos no domínio finito continuavam válidos após passagem ao infinito. Na base dessa crença estava o princípio de continuidade de Leibniz. Em particular, as séries de potências eram encaradas como polinómios, sobre as quais poderiam ser efectuadas, sem restrições, as mesmas operações.

Na "Epistola ad V. Cl. Christianum Wolfium, professorem matheseos halensen, circa scientiam infiniti" de 1713, Leibniz considerou o caso paradoxal da série divergente 1-1+1-1+...=1/2. Leibniz misturou considerações metafísicas com considerações matemáticas.

Um bom exemplo do espírito do século XVIII é o trabalho que Euler dedicou, em 1734-5, ao estudo da série dos recíprocos dos quadrados dos números
naturais:
1+1/4+1/9+...=pi^2/6. Os métodos utilizados na descoberta da soma desta
série
surpreenderam os matemáticos da época. Logo que recuperaram da estupefacção, criticaram a falta de fundamentação dos métodos de Euler no tratamento das expressões infinitas, principalmente a utilização das séries divergentes. Um dos críticos foi Nikolaus Bernoulli. Uma polémica foi disputada por carta entre os dois matemáticos durante os anos quarenta. Numa carta de 1745 a Goldbach, Euler deu a sua célebre definição para a soma de uma série divergente.

Com o intuito de esclarecer definitivamente todas as dúvidas relativamente à utilização das séries divergentes, Euler escreveu, em 1754-5, o artigo "De seriebus divergentibus". Pretendendo salvaguardar a utilidade das séries divergentes, Euler procurou atribuir um significado à soma de uma série divergente. Isso levou-o a escrever expressões como -1=1+2+4+8+16+L. A concepção subjacente à interpretação desta igualdade era essencialmente algébrica, por oposição a uma concepção aritmética, que só fazia sentido quando a série em consideração era convergente.

O final do século XVIII assiste à tentativa protagonizada por Lagrange de fundar o cálculo infinitesimal na álgebra das séries de potências. As ideias de Lagrange eram muito próximas das de Euler no que dizia respeito à concepção algébrica da análise; contudo, as suas preocupações com questões de fundamentos não tinham paralelo em todo o século XVIII. A tradição algébrica da análise entrou em decadência a partir dos anos vinte do século XIX, com o trabalho de Cauchy.

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ANTÓNIO LEAL DUARTE, Departamento de Matemática, FCTUC
UMA COLECÇÃO DE AZULEJOS (Séc. XVII - XVIII) COM FIGURAS DE ELEMENTOS DE EUCLIDES

RESUMO
Será apresentada uma descrição de uma colecção de azulejos
do Museu Machado de Castro com figuras dos Elementos de Euclides bem como das razões que levaram a indentificar essas figuras com reproduções das figuras da versão de Andreias Tacquet dos Elementos de Euclides. Será discutida a possível proveniência dos referidos azulejos.

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MARIA DA GRAÇA ALVES e MARIA FERNANDA ESTRADA, Departamento de Matemática, Universidade do Minho
NOTAS SOBRE O CURSO DE ANALYSE INFINITESIMAL DE F. GOMES TEIXEIRA. A CONSTRUÇÃO DOS REAIS

O Curso de Analyse Infinitesimal de Gomes Teixeira teve quatro edições: 1887, 1890, 1896, 1906. Além destas, há uma versão - que chamamos edição zero - e que foi publicada, em partes, no ANNUARIO DA ESCOLA POLYTECHNICA DO PORTO, desde 1884-85 a 1891-92. Tanto quanto sabemos, os livros da Análise Infinitesimal da época não contemplavam uma introdução sobre os números reais. Parece-nos que Gomes Teixeira se decide a integrar no seu livro tal introdução por razões pedagógicas, no sentido de dar uma fundamentação para o Cálculo Infinitesimal e para a Geometria Analítica. Como se sabe, as principais memórias sobre a construção dos reais são de 1872 (Weierstrass, Heine, Cantor, Dedekind e Meray). Vamos comparar os textos das sucessivas edições do Curso sobre este assunto, procurando destacar:
i) A actualidade de Gomes Teixeira, que mostra conhecer as memórias
citadas e ainda outras posteriores.
ii) Como Gomes Teixeira vai levantando a sua própria construção dos
reais, embora nela se notem influências dos autores citados.
iii) Como tal teoria é exposta com uma sucessiva exigência de rigor, desde
a edição zero ate a 4ª edição.

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REINHARD KAHLE,Fakultät für Informatik, Universität Tübingen
HILBERT'S PARADOX

In 1903 Gottlob Frege sent a complimentary copy of the second volume of the Grundgesetze der Arithmetik to the Göttingen mathematician David Hilbert, containing in the postscript the description of Russell's Paradox. In his response Hilbert declared that the paradox described had been known in Göttingen for a long time. He himself had found other, even more convincing examples four to five years ago, and after having informed Zermelo the latter found the one mentioned by Frege three to four years ago.

It is well known that Zermelo indeed discovered a set-theoretical paradox in Cantor's theory, independently of Russell. But what were these contradictions Hilbert claimed to have found around 1898/1899? There are some further traces of Hilbert's Paradox in correspondences of the time. The most explicit hint can be found in Blumenthal's biography of Hilbert in 1935 where we read that Hilbert formulated the contradictory notion of the set of all sets which arise from union and mapping on themselves.

Volker Peckhaus was able to discover the paradox mentioned by Blumenthal which is most likely the one Hilbert referred to in his letter to Frege. It is presented in an unpublished lecture course of Hilbert's delivered in the summer term of 1905 on "Logische Principien des mathematischen Denkens". There, Hilbert discusses the paradoxes of set theory mentioning Zermelo's paradox and a contradiction of "purely mathematical nature" which was never published, as Hilbert stressed, but known to set-theorists, especially to Georg Cantor.

We will describe Hilbert's Paradox and reconstruct it using modern tools. We will see that it is a variant of Cantor's Paradox based on a naive formulation of the union axiom.

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