O teatro popular
mirandês é uma manifestação etnográfica
que se representa na região de Miranda do Douro e do outro lado
da fronteira, em Espanha. As representações, chamadas
usualmente "colóquios", têm a ver, muitas vezes, com a vivências
das pessoas, com usos e costumes de cada localidade. |
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A representação deste tipo de teatro era, pelo menos pela altura
da nossa recolha, extremamente simples e ingénua dependendo por
completo da maior ou menor graça, jeito ou engenho dos seus
intervenientes. O texto assume um papel preponderante dado que os actores
em muitos casos quase que se limitavam a "recitar" ou debitar a sua parte,
parados em cena, sendo a movimentação mínima
(excepção feita ao elemento libertino representado pelo Crespim).
Os espectáculos decorriam em ambiente vicinal com um público
"familiar" na própria aldeia ou nas aldeias vizinhas.
O ponto que sussurrava o texto aos ouvidos de algum actor que
tivesse uma branca (esquecimento do texto), era perfeitamente assumido
pelo "ensaiador" que dirigia a cena, junto à boca de cena,
não se inibindo de corrigir em voz alta algum actor mais esquecido
ou até mandar repetir alguma cena.
O teatro popular mirandês em geral
move-se num universo onde as fronteiras entre fantástico e o real se desvanecem e onde
não se pode falar de unidade de lugar e tempo. Anos e anos sucedem-se em poucos segundos,
se necessário. Dois lugares longínquos convencionam-se a alguns passos.
O simbolismo assume, desta forma, a primazia num convite à
imaginação.
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