016-Coordenação interdisciplinar

Uma das questões mais programadas e menos aplicada é a da coordenação interdisciplinar, a começar com a disciplina de Físico-Químicas, por natureza mais próxima da Matemática.
A Equipa Técnica analisou o conteúdo dos novos programas de Físico-Químicas do 10(o) e 11(o) anos e de Física do 12(o) ano. Recebemos alguns pareceres que lidam especificamente com este aspecto e tivemos uma reunião com uma das autoras dos programas de Física. Identificámos as seguintes questões passíveis de tratamento nas aulas de Matemática e de Física:
a) No início do 10(o) ano é estudada a noção de Trabalho. Relativamente a ele é dito nas "Sugestões Metodológicas da disciplina de Ciências Físico-Químicas - 10(o) ano", pg. 2 e 3:
"Devem em seguida orientar-se os alunos de modo a concluírem que:

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Não é conveniente recorrer ao produto interno para calcular o valor do trabalho porque os alunos não têm a preparação matemática necessária."
Foi-nos contudo informado que estas frases não devem ser consideradas pois não exprimem o que o programa aponta. Aos alunos apenas lhes é dada a fórmula e depois para a calcular usarão a calculadora; como os alunos apenas estudaram a trigonometria do ângulo agudo, foi-nos dito que no caso do ângulo obtuso, os alunos deverão usar simplesmente a calculadora. Na opinião dos autores do programa não interessa pois a noção de produto escalar nesta altura.
b) No início da Química do 10(o) ano são estudadas velocidades de reacção:
"reconhecer que a velocidade de reacção acima referida é uma velocidade média"; "revelar a noção de velocidade instantânea para uma reacção química"
Foi-nos informado que este tema é tratado através da tangente e do uso da calculadora.
c) Os novos programas de Química recorrem à noção de logaritmo para resolução de problemas de pH no fim do 10(o) ano.
d) Várias vezes aparece referência ao traçado de curvas no programa do 10(o) ano, foi-nos dito que se trata apenas de um traçado informal.
e) No início do 11(o) ano são estudadas a velocidade escalar média e a velocidade escalar instantânea. Nas "Sugestões ... " para o 11(o) ano, pg 3, é dito que:
"... traduzirem a definição de velocidade escalar instantânea em linguagem matemática, pela equação:

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Devem também concluir que o valor da velocidade escalar instantânea da partícula pode ser obtido a partir do declive da tangente à curva, x=x(t), no ponto correspondente ao instante considerado."
Foi-nos dito que apenas é introduzido o conceito de forma numérica aproximada e usando calculadora.
f) Nas "Sugestões..." para o 11(o) ano, pg 15 são determinados como objectivos:
"[os alunos] determinarem o valor da velocidade do movimento a partir do gráfico x = x(t)
Exprimirem o significado físico da área compreendida entre a recta v=k e o eixo dos tempos, num certo intervalo de tempo"
g) Nas "Sugestões..." para o 11(o) ano, pg 16 são determinados como objectivos:
"Levar os alunos a concluir que (...) o valor da velocidade instantânea pode ser obtido pelo declive da tangente à curva x = x(t), no ponto correspondente ao instante considerado."
h) Nas "Sugestões..." para o 11(o) ano, pg 15 são determinados como objectivos:
"traçar os gráficos das funções y = A sen wt , v = wA cos wt e a = -w2 A sen wt .
Foi-nos afirmado que estes gráficos podem ser traçados com a calculadora gráfica.
i) Foi-nos dito que seria importante os alunos conhecerem bem no 11(o) ano os efeitos dos parâmetros no comportamento de uma família de parábolas.
j) No 12(o) ano de Física os alunos devem saber derivar polinómios do 2(o) grau, e seria vantajoso que soubessem determinar também do 3(o) grau. Também se pretende que determinem extremos destas funções, mas foi-nos dito que tal poderia ser feito aproximadamente usando a calculadora gráfica.
k) No 12(o) ano de Física os alunos estudam integrais através do limite das somas das áreas de rectângulos de área cada vez menor.
l) No 12(o) ano de Física os alunos estudam centros de gravidade de sistemas discretos de pontos ou a partir de figuras que se podem decompor em rectângulos.
m) A Física necessita da noção de produto vectorial no 12(o) ano.
n) os alunos precisam de saber resolver problemas envolvendo parâmetros, como por exemplo, a partir do sistema

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obter v em função de x.

Observamos assim um considerável número de oportunidades para ligar a Matemática com a Física. Os professores devem em todas as ocasiões usar exemplos da disciplina de Físico-Químicas, podendo, em certos conceitos que são tratados mais ou menos na mesma altura nas duas disciplinas, haver uma coordenação entre os professores de Matemática e de Físico-Químicas.
A Equipa Técnica tentou aproximar os temas de Matemática dos programas de Físico-Químicas. Das discussões havidas não ficou claro se a Matemática deveria tratar primeiro de um assunto, ou se deveria ser a Física, ou se deveria haver simultaneidade.
Contudo, nalguns aspectos, como o produto vectorial e o cálculo integral, não é possível incluir quaisquer referências na disciplina de Matemática devido à limitação de 4 horas por semana.
A Equipa Técnica recomenda que o professor de Matemática deve tentar trabalhar em cooperação com os professores tanto da disciplina de Físico-Químicas como das restantes disciplinas, em todos os pontos atrás enunciados, assim como naqueles que são referidos mais adiante no programa. Recomenda-se a leitura do texto seguinte, elaborado conjuntamente por uma professra de Matemática e uma professora de Física:
- "Perspectivas interdisciplinares em Física e Matemática", Cremilde Ribeiro e Margarida Junqueira, Educação e Matemática, n(o) 23, 1992.
Contudo parece-nos que haveria muitas vantagens em que os próximos Ajustamentos fossem feitos simultânea e coordenadamente para as disciplinas de Matemática e Físico-Químicas.

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