Exames Nacionais do Ensino Secundário 1996


Texto de carta enviada para o jornal "Público" e publicada na sua edição do dia 2 de Março (entre parêntesis rectos vem indicada a parte que não foi aí publicada):

Coimbra, 26 de Fevereiro de 1996

Uma questão (não só) de contas...

Exmo Sr Director
No "Público" do dia 23 de Fevereiro passado, numa reportagem sobre os exames nacionais do ensino secundário, é referido que estes "contam pouco para as reprovações do ensino secundário", e que "será preciso ter 3 para 'chumbar' " com um 10 na avaliação contínua (isto é, na CI - classificação interna da disciplina).
Ora isto não corresponde à verdade: basta fazer os cálculos para concluir que um aluno que tenha 10 na CI precisa de tirar pelo menos 9 no exame para obter aprovação. Mas mais, se o aluno tiver 11 na CI precisa de pelo menos 8 no exame para obter aprovação, um que tiver 12 na CI precisa de 6, um que tiver 13 na CI precisa de 5, um que tiver 14 na CI precisa de 3 e um que tiver 15 na CI precisa de 2. Apenas um que tiver 16 na CI pode tirar zero e mesmo assim ser aprovado no Ensino Secundário.
[
Poderia apresentar aqui quadros completos com as classificações, mas ocupariam muito espaço; por isso disponibilizo-os através da Internet no endereço
http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/exam/exnac.html
]
Tudo isto significa que a nota do exame tem na realidade um peso considerável na aprovação no Ensino Secundário.
E se a média nacional do exame rondar os 30%, isto é, 6 valores, o que é credível se atentarmos nas médias dos últimos anos, então, poderemos concluir, numa aproximação grosseira, que metade dos alunos se arrisca a reprovar no Ensino Secundário.
Isto significa que o exame precisa de ser encarado de uma forma muito séria, mesmo que se trate apenas de discutir o ensino secundário.
[
Neste sentido, um dos pontos que me parece ter sido menos focado é o seguinte: se os alunos obtiverem menos de 5 ou 6 valores no exame nacional não se vislumbra o que terão afinal aprendido ou o que irão fazer no ensino superior. ]
Mas é preciso que o exame mereça confiança para que estas conclusões possam ser tiradas. Não me parece que um exame de 1h 30m sem tolerância seja um bom ponto de partida para essa confiança. Penso que deveria existir pelo menos uma meia hora de tolerância [
e que os alunos deveriam ter a possibilidade de fazer duas chamadas e reter apenas a melhor nota, para ter a certeza de que um mau momento não iria dar uma má apreciação da sabedoria do aluno. ]

Jaime Carvalho e Silva
Coimbra


Nota: a classificação final de cada disciplina é obtida com 60% da classificação interna da disciplina (que poderá ser a nota do 12. ano, ou a média dos 10., 11. e 12. anos conforme a disciplina for anual ou trienal) e 40% da classificação do exame nacional.

Tabelas

Siglas das tabelas:
CI = Classificação interna da disciplina
CE = Classificação do exame
CFD = Classificação final da disciplina

Com nota de 10 na classificação interna da disciplina, os alunos apenas obterão positiva na classificação final da disciplina se obtiverem pelo menos 9 na classificação do exame:

Com nota de 11 na classificação interna da disciplina, os alunos apenas obterão positiva na classificação final da disciplina se obtiverem pelo menos 8 na classificação do exame:

Com nota de 12 na classificação interna da disciplina, os alunos apenas obterão positiva na classificação final da disciplina se obtiverem pelo menos 6 na classificação do exame:

Com nota de 13 na classificação interna da disciplina, os alunos apenas obterão positiva na classificação final da disciplina se obtiverem pelo menos 5 na classificação do exame:

Com nota de 14 na classificação interna da disciplina, os alunos apenas obterão positiva na classificação final da disciplina se obtiverem pelo menos 3 na classificação do exame:

Com nota de 15 na classificação interna da disciplina, os alunos apenas obterão positiva na classificação final da disciplina se obtiverem pelo menos 2 na classificação do exame:



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Última alteração: 14 de Março de 1996