NONIUS
nš1 ISSN 0870-7669 Janeiro 1987
Folha Informativa do Projecto "Computação no Ensino da Matemática"

OS NÚCLEOS DO PROJECTO
Paupertas impulit audax *)

Passada que foi o seu início, é preciso que o Projecto "Computação no Ensino da Matemática" se desenvolva na direcção do que é a sua razão se ser - as Escolas Preparatórias e Secundárias. Desde o dia do primeiro Seminário que um número crescente de Colegas tem manifestado o seu interesse numa colaboração activa; temos respondido a esse interesse, confesso-o, como as nossas limitações o têm permitido.

Em consequência de uma reunião no dia 26 de Novembro, lançaram-se os três primeiros Núcleos em Escolas Secundárias: em Cantanhede, em Leiria, na Lousã. A formação destes núcleos, lançando mão aos recursos disponíveis é, seguramente, o melhor processo de desenvolver o Projecto e de concretizar os seus objectivos.

O esforço honesto e anónimo para melhorar a qualidade do Ensino, dispendido pelos Professores que actuam no "terreno", não pode ser desdenhosamente tratado pelos que dirigem a Educação Nacional. São precisos meios materiais, condições de trabalho e, sobretudo, um respeito evidente pelo trabalho sério. Mas, não podemos nós Professores, esperar que as "condições estejam criadas", como se diz às vezes em tom de desculpa de mau pagador. Porque, se o esperarmos, esperamos por sapatos de defunto...

Pelo contrário, é preciso criarmos, nós mesmos, um começo de condições; ou, então, desistir de uma vez por todas. Não poderá o Ministério vir a negar o seu apoio a actividades de nítido interesse e com trabalho já realizado. É, decerto, este um caminho mais longo e mais árduo do que aquele que passa por 60 segundos no pequeno ecrã, para anunciar a "Grande Reforma".

Os núcleos do Projecto são a grande esperança de que este venha a progredir e a ter um real efeito no ensino da Matemática. Estes núcleos, com a sua autonomia, que existem pela vontade dos que os fundam e fazem funcionar, estão bem na linha deste Projecto em que o Professor é o eixo de toda a inovação. Além disso, um núcleo é o ponto de partida para desenvolver relações extra-escolares com os Alunos, para dar ao aproveitamento dos tempos livres um outro sentido, para evitar que a Escola apareça anacronicamente cortada dessa fada mágica do nosso tempo - a Informática. Um Núcleo tem grandes potencialidades para além de ser o meio de permitir aos Professores de Matemática uma tão necessária actualização.

Como fundar um Núcleo? O factor decisivo é o factor humano - um pequeno grupo de Professores pode iniciar um Núcleo do Projecto, desde que haja vontade de o fazer. É preciso um computador, é verdade. Mas, de início, não é precisa uma "grande máquina", chega um daqueles computadores populares que se encontram por todo o lado.

Neste processo, os fundadores do Projecto não querem ser como o vento que espalha a semente, não importando como ela germina. Este elogio da autonomia não é uma fuga às responsabilidades. Ao Núcleo que funciona na Universidade compete apoiar as iniciativas locais. Por exemplo, com bibliotecas de livros e "software" - que ficam à disposição dos Colegas; com cursos de formação, com conferências a organizar localmente, com orientação científica. Enfim, com tudo quanto possa transformar esta iniciativa num autêntico factor de progresso no ensino da Matemática.

 

*) "a pobreza impele o audaz".

A. S. Alves

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
voltar frente
[ Início do Número 1] [ Menu Principal ]