Dalmiro Jorge Filipe Maia

  Grau:

  Doutoramento

  Instituição:

  Observatório Professor Manuel de Barros

 

Formato: Oral

Resumo:

 

  A expulsão de matéria coronal (EMC) típica tem uma extensão angular em torno de 50 graus, podendo atingir em casos excepcionais extensões angulares superiores a 100 graus. Apesar deste aparente gigantismo do fenómeno, existem muitas escalas diferentes ligadas à origem, desenvolvimento inicial, e propagação das EMCs. O fenómeno das EMCs resulta do acoplamento de escalas que vão desde o muito pequeno, tais como as escalas às quais a reconexão magnética ocorre (lençóis de corrente), ao pequeno (regiões activas e filamentos), até ao muito grande (arcos transequatoriais e vastos escurecimentos coronais). Um exemplo paradigmático de um evento que, muito rapidamente, engloba todas estas escalas foi observado no dia 14 de Outubro de 1999.

  Este evento foi analisado a partir de imagens obtidas num vasto leque de comprimentos de onda: SOHO/LASCO em luz branca, Yohkoh/SXT em raios-X, espectroheliógrafo de Nançay em H-alfa, radiohelógrafo de Nançay no rádio, e ainda informação espectral, no domínio das ondas rádio, fornecida pelos radioespectrógrafos do Porto e WAVES/WIND.

  O evento do dia 14 de Outubro de 1999 inclui não só uma fulguração X1/1N e uma erupção de filamento na região activa 8731, mas envolve também um complexo de regiõesactivas que se estende por mais de 40 graus em latitude heliográfica. Resultou ainda numa EMC rápida (e com uma forte desaceleração), associada com uma onda de Moreton e uma série muito complexa de erupções rádio, nos domínios de comprimentos de onda métrico, decimétrico, e microondas. Utilizando extrapolações de campo magnético na coroa solar, verificou-se a existência de um ponto nulo, no qual a reconexão magnética ocorre cerca de três minutos antes das erupções vistas nos vários comprimentos de onda.

  A análise do desenvolvimento subsequente do evento sugere ainda que grandes arcos coronais foram expulsos juntamente com a EMC, e que processos de reconexão secundários a baixa altitude ocorreram no complexo activo longe da instabilidade inicial.