O problema da determinação da órbita dos cometas era assunto que ocupava os astrónomos desde que Newton publicara, nos Principia em 1668, um método assaz engenhoso, porém de dificílima aplicação. É precisamente usando o método de Newton, embora com ligeiras modificações, que Halley calcula as órbitas de 24 cometas e conclui que os cometas de 1531, 1607 e 1682 apresentam orbitas semelhantes. Tal facto leva-o a sugerir que se trate de passagens sucessivas e periódicas de um mesmo cometa, anunciando o regresso desse cometa para o ano de 1758.

  O problema da determinação das órbitas dos cometas permanece muitos anos em aberto e foi estudado por astrónomos famosíssimos como: Boscovich, Euler, Lalande, Laplace e outros. Em 1772 a Academia das Ciências de Berlim propõe a atribuição de um prémio no ano de 1774 a quem propusesse um método simples para a determinação da órbita parabólica de um cometa através de 3 observações. Esse prémio só foi, no entanto, atribuído em 1778 a Condorcet e a Tempelhoff. Porém, quem ficou conhecido na história como o criador de um método simples e de fácil aplicação foi Olbers, que através do barão von Zach vê o seu trabalho publicado em 1797. Em 1799 é publicado nas Memórias da Academia das Ciências de Lisboa uma memória de Monteiro da Rocha intitulada: Determinação das Órbitas dos Cometas, que tinha sido lida em Assembleia da Academia no ano de 1782, e em que este apresenta um método para a resolução do problema das órbitas. Segundo Duarte Leite o referido método é muito parecido com o de Olbers.

  Nesta palestra abordaremos a problemática da determinação das orbitas dos cometas fazendo um resumo histórico desse tópico, bem como um resumo da evolução do pensamento sobre a sua natureza dos cometas, ao longo dos tempos. Abordaremos a comunicação de Monteiro da Rocha e faremos o ponto da situação do nosso estudo sobre a mesma.