Os professores de Desenho
    Do ano letivo de 1840-41, primeiro ano de funcionamento da aula de Desenho, ao de 1910-11, último ano de funcionamento das Faculdades de Matemática e Filosofia, foram professores da cadeira de Desenho:
    - Manuel da Fonseca Pinto (1802-1882) - nomeado proprietário interino por decreto de 15.7.1840; posse a 7.10.1840; ausente do exercício a partir de 5.1.1842.
    - Francisco Pedro Bernardes de Carvalho Simões Vaz Velho (?-?) - nomeado substituto interino, por decreto de 16.11.1840; posse a 3.2.1841; rege de Janeiro de 1842 a Junho de 1853.
    - António Tomás da Fonseca (1822-1894) - nomeado professor proprietário por decreto de 23.11.1852; posse a 12.4.1853; ausente da Universidade a partir de 18.4.1853.
    - António Victor de Figueiredo Bastos (1829-1894) - nomeado substituto por decreto de 22.8.1854; posse a 6.2.1855; rege de 1.4.1856 a 19.6.1856; nomeado professor proprietário por decreto de 9.4.1856; posse a 28.6.1856, estando ausente da Universidade a partir desta data.
    - Luís Augusto Pereira Bastos (?-?) - nomeado, para reger interinamente, por portaria do reitor de 3.11.1857; posse a 3.11.1857; rege até 7.6.1871.
    - José Miguel de Abreu (1850-1921) - nomeado proprietário interino, por decreto de 23.11.1871; posse a 14.12.1871; nomeado professor proprietário por decreto de 24.12.1873; rege até 9.3.1887.
    - João Vieira Rodrigues (1856-1898) - nomeado substituto interino, por portaria do reitor de 23.4.1887; nomeado professor proprietário por decreto de 13.12.1888; posse a 18.12.1888; rege até 5.1.1898.
    - António Domingues Cortês da Silva Curado (1849-1904) - nomeado, para reger interinamente, por portaria da reitoria de 20.10.1897; posse a 21.10.1897; pede exoneração a 29.8.1898; novamente nomeado por portaria da reitoria de 16.10.1900; rege até Dezembro de 1901.
    - António Augusto Gonçalves (1848-1932) - nomeado, para reger interinamente, por portaria da reitoria de 11.1.1898; posse a 12.1.1898; nomeado professor proprietário da cadeira de desenho anexa à Faculdade de Filosofia, por decreto de 23.7.1902; posse a 7.8.1902. Transitou para a Faculdade de Ciências em 1911, passando a reger as cadeiras de Desenho de plantas e animais, integradas no plano do curso de Ciências Histórico-Naturais.
    - José Luís de Andrade Mendes Pinheiro (1872-1951) - nomeado, para reger interinamente, por portaria da reitoria de 9.12.1898; posse a 12.1.1898; nomeado professor proprietário, por decreto de 24.11.1898; posse a 9.12.1898. A partir de Outubro de 1910 está ausente do exercício, sendo demitido do lugar por decreto de 30.12.1911.

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    A sala da Aula de Desenho
    Em 1840-41 a aula de Desenho fica instalada no edifício do antigo Colégio das Artes, aí permanecendo até ao ano letivo de 1852-53. Devido à transferência do Hospital da Conceição, anteriormente instalado em parte do edifício do antigo Colégio de Jesus, para o edifício do antigo Colégio das Artes, a aula de Desenho faz o percurso inverso, sendo transferida para o primeiro andar do edifício do Museu, onde começará a funcionar em 1 de Abril de 1856. Ainda aí se encontra instalada, mas numa nova localização, mais ampla e mais bem iluminada, quando, em 1911, as Faculdades de Matemática e Filosofia se fundem na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.

       Localização da sala da aula de Desenho no 1.º pavimento do edifício do antigo Colégio das Artes (c.1853), onde esteve de 1840 a 1853 [11: Estampa 3.ª].
       Planta do 1.º pavimento do edifício do Museu da Universidade de Coimbra (c.1872), com a localização da sala da aula de Desenho no período de 1856 a 1914 (UC Biblioteca Geral, Ms. 3377-55).
       Sala da aula de desenho fotografada por Augusto Bobone (c.1902) (UCFCT Ciências da Vida - Antropologia, 169/22).

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    O regulamento da cadeira
    Entre os anos letivos de 1840-41 e 1848-49 a aula de Desenho funcionou sem regulamento específico, não havendo qualquer obrigatoriedade dos alunos das Faculdades Naturais a frequentarem. No final de 1849 aprova-se um primeiro regulamento que obrigava os estudantes do primeiro ano matemático a frequentar a aula de Desenho depois das férias do Natal. No ano letivo seguinte de 1850-51 determinou-se que fossem obrigados a frequentar a aula de Desenho os estudantes do primeiro e segundo ano matemático, bem como os alunos do primeiro ano filosófico. O regulamento da aula de Desenho sofre diversas atualizações ao longo dos anos. Em 1864-65 também os alunos que faziam os preparatórios para ingressarem no curso médico frequentaram a aula de Desenho.

             A Aula de Desenho na Relação dos estudantes matriculados na Universidade de Coimbra nos anos letivos de 1849-50, 1850-51 e 1864-65 [19].

    Desde o momento em que a frequência da aula de Desenho passou a ser obrigatória, o professor da cadeira dá conta ao reitor de que há alunos que não prestam atenção às aulas, não tirando proveito do ensino, propondo desde logo que haja exames à cadeira para resolver o problema. No entanto, só a partir do ano letivo de 1858-59 passa a haver exame final à cadeira de Desenho. O respetivo regulamento é aprovado na sessão do Conselho da Faculdade de Matemática de 18.1.1859.

          Edital sobre o regulamento do exame à cadeira de Desenho [2: 101-102].

    No ano letivo de 1872-73 aprova-se um novo regulamento para a aula de Desenho. É a partir deste ano letivo que o curso matemático passará a ter desenho nos 3 primeiros anos, o que só havia acontecido em alguns dos anos letivos anteriores.

          Regulamento para a Aula de Desenho anexa à Faculdade de Matemática para o ano letivo de 1872-73 [13: 1872-73, 209-210].

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    O programa de Desenho
    Desde 1840-41 são vários os programas utilizados pelos sucessivos professores da cadeira de Desenho. Logo em Dezembro de 1840, Manuel da Fonseca Pinto, que pouco antes havia tomado posse do lugar de professor proprietário interino da cadeira de Desenho, propõe o seguinte programa para a cadeira: Desenho linear; Desenho de figuras e paisagens; Desenho anatómico; Desenho de plantas, perfis e máquinas; Desenhos de ornamentos arabescos; Desenho de flores, arbustos e instrumentos; Desenho de arquitetura e prespetiva; Cores; Termos técnicos de desenho e pintura; Algumas lições sobre o relevo.

    No seguimento da aprovação do primeiro regulamento da aula de Desenho, que obrigava os estudantes do primeiro ano matemático a frequentar a aula, em novembro de 1849 Francisco Pedro Bernardes de Carvalho Simões Vaz Velho propõe o seguinte programa para o 1.º ano matemático: Exercícios gráficos de Geometria; Construções dos polígonos regulares no círculo inscritos e circunscritos até ao duodecágono; Desenho linear de paisagem; Traçado de plantas e sua redução a lápis e a aguadas.

    Depois da saída de Vaz Velho como professor da cadeira de Desenho, o que acontece em abril de 1853, são longos os períodos em que a aula de Desenho esteve fechada por falta de professor. O ensino do desenho é restabelecido com a nomeação, pelo Conselho da Faculdade de Matemática, de Luís Augusto Pereira Bastos para reger interinamente a cadeira de Desenho o que acontece em novembro de 1857. Logo nesse mês a Faculdade de Matemática aprova o seguinte programa proposto por Luís Bastos: 1.º ano: Desenho de Ornato, Figura, Paisagem, e traçado do desenho linear; 2.º ano: Desenho de máquinas, e princípios gerais de Topografia.

    Em 1872-73, sendo professor da cadeira José Miguel Abreu (1850-1921), o programa da cadeira para o curso matemático, lecionado em 3 anos letivos, incluía o desenho geométrico, o estudo das projeções, o estudo das sombras e das aguarelas, o desenho de arquitetura, o desenho de máquinas e o desenho topográfico. No caso do curso filosófico, em dois anos letivos eram estudados o desenho de paisagem e o desenho de figura.

                Programa da cadeira Desenho anexa à Faculdade de Matemática para o ano letivo de 1872-73 [17: 157-160].

    A partir do ano escolar de 1897-98 a cadeira de desenho anexa à Faculdade de Matemática passa a contar com o concurso de dois professores, um responsável pelo curso matemático e outro pelo curso filosófico. A separação dos dois cursos de desenho virá a ser formalizada com a reforma dos estudos de 1901, que reconhece a conveniência do quadro dos professores de desenho constar de dois lugares de professores efetivos, sendo um encarregado do ensino do curso matemático e outro do curso filosófico.
    Assim, a partir do ano lectivo de 1902-03 e até ao de 1910-11, último ano de funcionamento das Faculdades de Matemática e Filosofia, a cadeira de desenho da Universidade ficará dividida em duas, uma anexa à Faculdade de Matemática e outra à Faculdade de Filosofia, ficando o quadro dos professores de desenho com dois lugares de professores efetivos, sendo um encarregado do ensino do curso matemático, sob inspeção da Faculdade de Matemática, e outro do curso filosófico, sob inspeção da Faculdade de Filosofia.

          Preâmbulo do Decreto de 24.12.1901, sobre a reforma dos estudos da Universidade, no que respeita ao ensino do Desenho [13: 1902-03, (28)-(29)].

             Decreto de 24.12.1901, sobre a reforma dos estudos da Universidade, no que respeita ao ensino do Desenho [13: 1902-03, (54)-(56)].

    No âmbito da reforma dos estudos da Universidade estabelecida pelo decreto 24.12.1901, a Faculdade de Matemática aprova um novo programa para a cadeira de Desenho do curso matemático.

          Programa de Desenho para o curso matemático aprovado em 7.7.1902 [13: 1902-03, 78*-79*].

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    Os compêndios da cadeira
    A partir do ano letivo de 1866-67 o livro de Louis-Benjamin Francoeur (1773-1849) Dessin linéaire et arpentage pour toutes les écoles primaires quel que soit le mode d'instruction qu'on y suit, cuja primeira edição data de 1819, é indicado no Anuário da Universidade como compêndio da cadeira de Desenho. Já em 1849 a Faculdade de Matemática tinha discutido a possibilidade de indicar este livro como compêndio da cadeira, mas o livro, além de raro, foi considerado de preço pouco acessível aos estudantes. Apesar da indicação que consta do Anuário, em dezembro de 1865 o professor da cadeira havia proposto à Faculdade de Matemática que de adoptassem como compêndios do 1.º e 2.º anos de Desenho para os estudantes de Matemática os livros Cours complet de dessin lineaire gradué et progressif de Louis Delaistre (1800-1871), e o Tratado de Arquitetura Civil por José da Costa Sequeira (1800-1872), professor de arquitetura na Academia das Belas Artes de Lisboa.

       L.B. Francoeur, Dessin linéaire et arpentage pour toutes les écoles primaires quel que soit le mode d'instruction qu'on y suit, Paris: Louis Colas, Bachelier, 1841. Tal como outros livros da antiga Faculdade de Matemática, este exemplar possui a nota manuscrita de pertença «Da Faculdade/1880/Para uso da Aula», assim como a marca, a tinta, do carimbo de Luís Albano de Andrade Morais e Almeida (1819-1888), que inicia em 1880 o seu mandato como diretor da Faculdade de Matemática (Biblioteca do Observatório Geofísico e Astronómico da UC)

    Em 1872-73 José Miguel de Abreu adota para a aula o Compêndio de Desenho Linear (2.ª e 3.ª partes), de Teodoro da Mota (professor do Liceu Central de Lisboa), 1869 e 1870 [13, 1872-73, p. 204]. Em 1875-76 adota para compêndio do 1.º ano Théorie des ombres et du lavis (cours de 3.e année - 1.re partie), por J. Pillet (Paris: C. Delagrave, 1875), e para compêndio do 2.º ano Dessin de machines (cours de 3.e année - 2.e partie), por J. Pillet (Paris: C. Delagrave, 1875). Para os 1.º e 2.º anos do curso filosófico adota o Cours rationnel de Dessin, por L. d’Henriet (Paris: Librairie Hachette et Cie, 1874) [13, 1875-76, p. 36].

       J. Pillet, Dessin géométrique et lavis, par MM. A. Tronquoy et J. Pillet. Dessin géométrique, théorie des ombres et du lavis, leçons professées à l'école Turgot. Cours de 3.e année, 1.re partie. Paris: C. Delagrave, 1875 (fonte: gallica.bnf.fr).

    Em 1879-80 o livro adotado para o 1.º ano continua a ser Théorie des ombres et du lavis (cours de 3.e année - 1.re partie), por J. Pillet (Paris: C. Delagrave, 1875). Para o 2.º ano adota-se o livro Compendio de desenho linear para uso dos alumnos dos lyceus nacionaes (3.º ano), de Teodoro da Mota, 1878. Para o 3.º ano o livro Cours théorique et pratique de Dessin linéaire. Cours supérieur. Première partie. Topographie, arpeutage, lever des plans et nivellement, por A. Le Béalle (Paris: J. Delalain, 1851). Para o curso filosófico continua a adotar-se o Cours rationnel de Dessin, por L. d’Henriet (Paris: Librairie Hachette et Cie, 1874) [13, 1879-80, p. 35-36].

       A. Le Béalle, Cours théorique et pratique de dessin linéaire. Cours supérieur. Première partie. Topographie, métré, nivellements. Paris: J. Delalain, 1851 (fonte: gallica.bnf.fr).

    Em 1883, José Miguel de Abreu publica Problemas de desenho linear rigoroso: seguidos de muitas aplicações – terceira parte, 1.ª caderneta (Coimbra: Imprensa da Universidade, 1883), que, ainda em julho de 1883, propõe para compêndio do 1.º ano matemático. Em 1884, José Miguel de Abreu publica Problemas de desenho linear rigoroso: seguidos de muitas aplicações – terceira parte, 2.ª caderneta, cuja 2.ª edição propõe, em julho de 1885, para o 2.º (desenho de máquinas) e 3.º (desenho topográfico) anos do curso matemático. No Anuário da Universidade relativo ao ano letivo de 1910-11, último ano de funcionamento da Faculdade de Matemática, os textos de José Miguel de Abreu continuam a surgir na relação dos livros adotados.

       J.M. Abreu, Problemas de desenho linear rigoroso, Coimbra: Imprensa da Universidade, 1883.

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  • Modelos didáticos da Aula de Desenho anexa à Faculdade de Matemática
    No início da década de 1840, durante a regência de Manuel da Fonseca Pinto (1802-1882), entre outro material para a Aula de Desenho, são adquiridos diferentes modelos de gesso, cabeças e extremidades, de autores antigos clássicos, modelos esses que não chegaram até nós. A totalidade dos modelos que a seguir se inventariam, é adquirida no período em que José Miguel de Abreu (1850-1921) é professor da cadeira de Desenho, lugar que ocupa de 14.12.1871 a 9.3.1887. Nomeado, por dois anos, por decreto de 23.11.1871, José Miguel de Abreu será, sob proposta da Faculdade de Matemática, nomeado para a propriedade da cadeira de Desenho por decreto de 24.12.1873. Após mais de 16 anos na regência da cadeira de Desenho anexa à Faculdade de Matemática, José Miguel de Abreu é nomeado professor efetivo do Instituto Comercial e Industrial do Porto, tomando posse do lugar em 10.3.1887.

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    Modelos fornecidos pela Livraria Académica de José Melquíades Ferreira Santos de Coimbra em março de 1873 e maio de 1874
    Em março de 1873 e maio de 1874, a Livraria Académica de José Melquíades Ferreira Santos, de Coimbra, fornece material para a Aula de Desenho da Universidade. Aí encontramos estampas diversas de figuras e paisagens, e uma coleção de 10 modelos em madeira para o estudo das sombras. As legendas das imagens seguintes constam dos documentos de despesa dos modelos [15]. Uma tal documentação não permite identificar o fabricante, provavelmente francês.

       * Penetration de deux cylindres droits. Altura: 20 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 328.
       * Penetration d'une sphère et d'un prisme. Altura: 12,4 cm.
       * Penetration d'une sphère et d'un cylindre. Altura: 13,4 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 330.
       Penetration de deux cylindres droits à diamètres inégaux. Altura: 16,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 331.
       Ombre d'un cône. Altura: 11 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 332.
       Ombre d'une colonne. Altura: 16 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 333.

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    Modelos adquiridos à Academia das Belas Artes de Lisboa em agosto de 1880 e março de 1881
    Em agosto de 1880 e março de 1881, foram adquiridos, à Academia de Belas Artes de Lisboa, um total de 37 modelos. As legendas e números de catálogo dos modelos seguintes constam dos respetivos documentos de despesa [15]. A coleção atual é constituída por 7 modelos.

       N.º 3 - Cabeça do filho de Laocoonte (à direita). Altura: 28 cm.
       * N.º 14 - Braços cruzados. Altura: 32 cm (estátua a força).
       * N.º 25 - Pé esquerdo do filho de Laocoonte (à direita). Altura: 40 cm.
       * N.º 87 - Torso de Apollino ou N.º 137 - Torso de uma estátua antiga de Miguel Ângelo. Altura: 45 cm.
          * N.º 49, 93, 95 ou 117 - Mãos «do natural». Comprimento: 20 cm. Chapa metálica aposta no modelo: Academia Real das Bellas Artes de Lisboa.
          * N.º 114, 115, 121 ou 122 - Pés «do natural». Altura: 21 cm. Chapa metálica aposta no modelo: Academia Real das Bellas Artes de Lisboa.
       * N.º 114, 115, 121 ou 122 - Pés «do natural». Altura: 26 cm.

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    Modelos da Coleção Muret, da casa Delagrave de Paris, fornecidos pela Livraria Universal de Magalhães & Moniz do Porto, em fevereiro de 1882
    Em fevereiro de 1882, a Livraria Universal de Magalhães & Moniz do Porto fornece à aula de Desenho da Universidade uma coleção de modelos em gesso comercializada pela casa Delagrave de Paris (três dezenas e meia de modelos). Tal como três dos modelos desta coleção, que ainda apresentam o selo das «Collections Muret» (muitos outros apresentam a marca desse selo), a totalidade destes modelos pertencem à coleção criada por Charles Muret e comercializada pela casa de Charles Delagrave. A legenda e numeração das imagens seguintes são, com raras exceções, as do catálogo elaborado pelo então professor da cadeira de Desenho, José Miguel de Abreu (1850-1921), datado de 15.11.1883, publicado no Anuário da Universidade de Coimbra de 1883-1884 (pp. 267-276), e que, por lapso, indica 1881 como ano de aquisição dos modelos. Já como professor do Instituto Comercial e Industrial do Porto, lugar que ocupa a partir de março de 1887, José Miguel de Abreu adquirirá muitos destes mesmos modelos que identifica como pertencendo à coleção de stereotomia de Charles Muret [10]. Muito provavelmente, as coleções adquiridas à casa Delagrave de Paris terão sido encomendadas a partir de uma das edições dos catálogos «Collections stéréotomiques de Ch. Muret, Paris: C. Delagrave, 1882» ou «Catalogue des publications (méthodes et matériel) pour l'enseignement du Dessin et de la Géométrie. - Paris, Librairie Ch. Delagrave, 1882», este último mencionado por Miguel de Abreu num dos compêndios para o ensino que publica a partir de 1879 [3]. Entre parêntesis indica-se a numeração do modelo que surge na folha de despesa da coleção, assinada por Miguel de Abreu em 11 de abril de 1882 [15], sempre que a conseguimos confirmar pela edição de 1890 do catálogo das coleções de modelos de Charles Muret da casa Delagrave, do qual não constam todos modelos adquiridos. Dos 35 modelos listados por Miguel de Abreu, 30 deles fazem parte da coleção atual.

         Anuário da UC [13: 1883-84, 267-273].

       N.º 3 - Metade de um cilindro reto de revolução, tendo a secção situada num plano, que forma fundo (N.º 101 [22, p. 29]). Dimensões: 35 x 38 cm.
             N.º 4 - Superfície concava de um cone reto, cortado por um plano (N.º 111 bis [22, p. 29]). Altura: 16 cm.
       N.º 5 - Esfera, colocada sobre peanha. Altura: 13 cm.
       N.º 6 - Semi-esfera, colocada sobre fundo (N.º 121 [22, p. 29]). Dimensões: 27 x 30,5 cm.
       N.º 7 - Semi-elipsóide (superfície convexa); semi-elipsóide (superfície côncava) (N.º 151 [22, p. 30]). Dimensões: 25 x 29,5 cm.
          N.º 8 - Parabolóide hiperbólico equilátero (N.º 163 [22, p. 7]). Altura: 27 cm. Selo aposto no modelo: Collections Muret, N.º 1xx, Ch. Delagrave, Éditeur. Descrição do modelo no catálogo da Casa Delagrave: Paraboloide hyperbolique équilatère, limité par un cylindre avec des génératrices droites, des sections horizontales, des sections verticales, le tout gravé sur la surface.
          N.º 9 - Cruz cilíndrica, com dois pares de braços (N.º 180 [22, p. 15]). Descrição do modelo no catálogo da Casa Delagrave: Croix cylindrique double, formée par les intersections de trois cylindres circulaires de même rayon, dont lex axes sont perpendiculaires et se rencontren en un même point. Ce modèle se compose de 4 parties: le tronc vertical, - les deux cylindres horizontaux réunis, - la branche supérieur verticale, - le solide commun aux 3 cylindres. Apenas o sólido comum à intersecção dos três cilindros circulares faz parte da coleção atual (Altura 6 cm). Em 2008 existia ainda a segunda parte do modelo que foi usada na composição fotográfica que se mostra.
          * N.º 10 - Interseção de dois cilindros oblíquos, sendo um circular e o outro elítico. Altura: 22 cm.
       N.º 11 - Sólido vazado em forma de cone truncado. Diâmetro: 14 cm.
       N.º 12 - Cilindro (resp. cone) reto, terminado por uma semi-esfera de que o diâmetro do círculo gerador é igual ao diâmetro da base do cilindro (resp. cone). O modelo apresenta a superfície convexa e a côncava dos dois sólidos (N.º 194 [22, p. 30]). Dimensões: 21 x 29 cm.
       N.º 13 - Cone (resp. cilindro) reto intersetando uma esfera (este modelo está executado nas mesmas condições do anterior) (N.º 209 [22, p. 30]). Dimensões: 21 x 26 cm.
       * N.º 14 - Balaustrada mista, composta por balaústres circulares (N.º 229 [22, p. 30]). Altura: 44,5 cm.
       * N.º 15 - Balaustrada mista, composta por balaústres quadrangulares (N.º 229 bis [22, p. 30]). Altura: 44,5 cm.
       * N.º 16 - Serpentina (N.º 253 [22, p. 31]). Descrição do modelo no catálogo da Casa Delagrave: Serpentin à jour (rayon de la sphère plus petit que celui du cylindre).
       * N.º 17 - Serpentina (N.º 254 [22, p. 31]). Altura: 40 cm. Descrição do modelo no catálogo da Casa Delagrave: Serpentin sans jour (rayon de la sphère égal à celui du cylindre).
       N.º 18 - Serpentina (N.º 255 [22, p. 31]). Altura: 40 cm. Descrição do modelo no catálogo da Casa Delagrave: Serpentin à noyau (rayon de la sphère plus grand que celui du cylindre).
          * N.º 19 - Parafuso de filete triangular, com porca (N.º 256 [22, p. 31]). Altura: 28 cm.
             N.º 20 - Parafuso de filete quadrangular, com porca (N.º 258 [22, p. 31]). Altura: 28 cm.
          N.º 21 - Parafuso de filete trapezoidal, com porca (N.º 259 [22, p. 31]). Altura: 26 cm.
          * N.º 23 - Modelos de abóbadas (N.º 275 [22, p. 32]). Altura: 17,5 cm.
             * N.º 24 - Modelos de abóbadas (N.º 276 [22, p. 32]). Altura: 17,5 cm.
                * N.º 25 - Modelos de abóbadas (N.º 277 [22, p. 32]). Altura: 17,5 cm. Selo aposto no modelo: Collections Muret, N.º 2.., Ch. Delagrave, Éditeur.
             * N.º 26 - Modelos de abóbadas (N.º 278 [22, p. 32]). Altura: 18 cm.
             * N.º 27 - Modelos de abóbadas (N.º 279 [22, p. 32]). Altura: 17,5 cm.
       N.º 28 - Modelos de abóbadas (N.º 280 [22, p. 32]). Altura: 22 cm.
       * N.º 29 - Modelo de uma ponte (N.º 302 [22, p. 35]). Altura: 18 cm.
          * N.º 30 - A mesma ponte, cortada pelo eixo da abóbada (N.º 303 [22, p. 35]). Altura: 18 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 30.
       * N.º 32 - Modelo de uma ponte, sendo o eixo da abóbada obliquo aos planos das testas dos arcos (n.º 305 [22, p. 34-35]). Altura: 11 cm, Largura: 32 cm, Comprimento: 50 cm.
          * N.º 34 - Ordem Dórica-mutular (pedestal, coluna e entablamento). Altura: 93 cm. Em uma das face do pedestal, é ainda visível uma inscrição compatível com «C. Muret».
          * N.º 35 - Relevo da parte mais acidentada do jardim botânico de Paris (N.º 348 [22, p. 39]). Dimensões: 8 x 50 x 50 cm. Selo aposto no modelo: Collections Muret, N.º 348, Ch. Delagrave, Éditeur. Há 3 cópias deste modelo que terão sido executadas em Coimbra, em Junho de 1886, por Francisco António Meira (1848-?), referido na documentação de despesa como estucador da cidade de Coimbra ou como estucador residente em Coimbra (de acordo com informação prestada por José Avelino Meira de Oliveira, descendente da família de Francisco António Meira, este era natural de Afife onde nasceu a 31.10.1848). Descrição do modelo no catálogo da Casa Delagrave: Plan relief de la partie accidentée du Jardin des Plantes de Paris (Labyrinthe), montrant la pratique du levé des plans, du nivellement et du figuré du terrain par des courbes de niveau avec mémoire et cartes, par Ch. Muret, géomètre de la ville de Paris (le relief a été construit sous la direction de M. Bardin).

    Outros modelos da Coleção Muret

    Os modelos seguintes não fazem parte da fatura de fornecimento da Livraria Universal de Magalhães & Moniz do Porto de fevereiro de 1882, nem da listagem de Miguel de Abreu. No entanto, é provável que tais modelos, cuja data de aquisição desconhecemos, façam parte da coleção de modelos de Charles Muret comercializados pela Casa Delagrave de Paris.

       Metades de um toro circular. Diâmetro exterior: 20 cm. Modelos possuindo marcas compatíveis com a do selo colocado em modelos das coleções Muret (N.º 123 e 124 [22, p. 14]). Existiria ainda um terceiro modelo, um toro circular completo, que surge na fotografia da sala da Aula de Desenho de Augusto Bobone (N.º 122 [22, p. 14]).
       Elipsóide de revolução. Eixos: 13 x 13 x 27 cm. Dimensões compatíveis com as do modelo N.º 144 do catálogo da Casa Delagrave de 1890 [22, p. 7].
       * Relevo de topografia (detalhe do jardim botânico de Paris). Dimensões: 20,5 x 22 cm. Há 7 exemplares deste modelo.
       * Relevo de topografia. Dimensões: 21,5 x 24,5 cm. Há 8 exemplares deste modelo.

    Índice

    Modelos fornecidos por W. Peuser de Hamburgo em fevereiro do 1882
    Coleção de modelos, em madeira e em gesso, para estudo de arquitetura e figura, fornecidos pela casa de W. Peuser de Hamburgo em fevereiro do 1882. A documentação de despesa [15] revela que o fabricante seria de Estugarda. A coleção adquirida era constituída por 29 modelos. A legenda e numeração dos modelos seguintes são as do catálogo elaborado pelo então professor da cadeira de Desenho, José Miguel de Abreu (1850-1921), datado de 15.11.1883, publicado no Anuário da Universidade de Coimbra de 1883-1884 (pp. 267-276). De acordo com a informação aí dada por José Miguel de Abreu, a encomenda destes modelos foi feita pelo arqueólogo, historiador e critico de arte Joaquim de Vasconcelos (1849-1936). A coleção atual é constituída por 26 modelos. Há diversas cópias de alguns dos modelos desta coleção, que terão sido executadas em Coimbra, em finais de 1885, pelo estucador Francisco António Meira.

         Anuário da UC [13: 1883-84, 268-269].

       * N.º 36 - Capitel Dórico-grego, de coluna. Altura: 12,5 cm.
       * N.º 37 - Capitel Dórico-grego, de coluna com estrias. Altura: 12,5 cm.
       * N.º 38 - Capitel Toscano, de coluna. Altura: 16,5 cm.
       * N.º 39 - Capitel Dórico-romano, de coluna. Altura: 16,5 cm.
       * N.º 41 - Capitel Dórico-romano, de columna (outro tipo). Altura: 16,5 cm.
       * N.º 42 - Capitel Toscano de pilastra. Altura: 21 cm.
       * N.º 43 - Capitel Dórico-romano, de pilastra. Altura: 22 cm.
       * N.º 44 - Capitel Dórico-romano, de pilastra (outro tipo). Altura: 23,5 cm.
       * N.º 45 - Capitel Dórico-romano, de pilastra (outro tipo). Altura: 22 cm.
       * N.º 46 - Base Ática, de pilastra. Altura: 19 cm.
       * N.º 47 - Base Ática, de coluna. Altura: 10 cm.
       * N.º 48 - Base Ática, de coluna com estrias. Altura: 10 cm.
       * N.º 49 - Base de coluna grega com estrias. Altura: 10 cm.
       * N.º 50 - Base de coluna romana com estrias. Altura: 10 cm.
       * N.º 51 - Base de pilastra, estilo moderno. Altura: 19 cm.
       * N.º 52 - Combinação de sólidos geométricos, empregada no estilo ogival. Altura: 20,5 cm.
       * N.º 53 - Combinação de sólidos geométricos, empregada no estilo ogival. Altura: 20,5 cm.
       * N.º 54 - Combinação de sólidos geométricos, empregada no estilo ogival. Altura: 20,5 cm.
          N.º 55 - Combinação de sólidos geométricos, empregada no estilo ogival. Altura: 20,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 55. Há 7 exemplares deste modelo.
       N.º 56 - Combinação de sólidos geométricos, empregada no estilo ogival. Altura: 20,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 56. Há 7 exemplares deste modelo.
          N.º 57 - Combinação de sólidos geométricos, empregada no estilo ogival. Altura: 20,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 57. Há 7 exemplares deste modelo.
       N.º 58 - Combinação de sólidos geométricos, empregada no estilo ogival. Altura: 20,5 cm. Há 7 exemplares deste modelo.
       * N.º 59 - Modelos de estátuas (reduções de estátuas clássicas): Hércules. Altura: 73 cm.
       * N.º 60 - Modelos de estátuas (reduções de estátuas clássicas): Antínoo. Altura: 63 cm.

    Índice

    Modelos executados em Coimbra pelo artífice Júlio Augusto da Costa Mota, fornecidos em março de 1882
    Esta coleção é constituída por modelos em madeira, vidro e fios de torçal, executados, sob a direção de José Miguel de Abreu (1850-1921), pelo artífice Júlio Augusto da Costa Mota, que os fornece em março de 1882. Estes modelos haveriam de ser incluídos na mostra de material para o ensino do desenho que José Miguel de Abreu, como professor da cadeira de desenho da Universidade, é convidado a levar à Exposição de Manufacturas do distrito de Coimbra, promovida pela Escola Livre das Artes do Desenho de Coimbra, no início de 1884. Aí, a Aula de Desenho da Universidade estará também representada através de uma exposição coletiva de desenhos. Por este e outros trabalhos Júlio Mota, discípulo da Escola Livre, receberá um prémio de 2.ª classe (diploma de medalha de prata), bem como um prémio monetário especial atribuído pelo júri [20]. A legenda e numeração dos modelos seguintes são as do já referido catálogo publicado no Anuário da Universidade de Coimbra de 1883-1884 (pp. 267-276).

         Anuário da UC [13: 1883-84, 269-270].

    Para o estudo da perspetiva
       * N.º 65 - Modelo para o método dos pontos de fuga das linhas horizontais. Base: 25 cm x 18,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 65.
        * N.º 66 - Modelo para o método dos pontos de fuga das oblíquas ao quadro e ao geometral. Base: 27 cm x 20 cm. Modelo recuperado, em Novembro de 2016, pelo sr. Antonio Angelo Mocci.
          * N.º 67 - Modelo para o método geral de perspectiva. Base: 33 cm x 14,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 67. Modelo recuperado, em Novembro de 2016, pelo sr. Antonio Angelo Mocci (a pirâmide triangular só foi encontrada em julho de 2020).

    Para o estudo das sombras
       * N.º 68 - Pórtico, composto de três arcadas à frente. Os lados são também terminados em arco. Altura: 21 cm.
       * N.º 69 - Semi-cilindro reto de revolução, tendo a secção situada no plano vertical; e dois paralelepípedos retângulos, sendo um paralelo e o outro perpendicular ao plano vertical. Altura: 17 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 69.
       * N.º 70 - Dois semi-cilindros de bases diferentes, assentando o de base maior sobre uma das bases do outro. Altura: 14,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 70.
       * N.º 71 - Diferentes molduras, colocadas entre duas paredes verticais, sendo estas perpendiculares aos planos de projeção. Altura: 13 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 71.
       * Modelo não incluído listagem de Miguel de Abreu. Altura: 14,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 71.
       * N.º 72 - Paralelepípedo retângulo, colocado sobre outros paralelepípedos, achando-se estes dispostos em forma de degraus. Altura: 11 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 72.

    Modelos de sólidos geométricos
    Além da coleção anterior, Júlio Augusto da Costa Mota fornece à Aula de Desenho uma coleção de modelos de sólidos geométricos da qual poderão fazer parte os modelos seguintes.

       * Cubo. Aresta: 4,5 cm.
       * Semiesfera. Diâmetro: 7 cm.
          * Semiesfera dividida em calota e tronco. Diâmetro: 7 cm.
       * Cunha esférica. Diâmetro: 7 cm.
       * Cilindro. Altura: 7 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 349.
       * Pirâmide triangular. Altura: 9,9 cm.
       * Prisma pentagonal. Altura: 10,4 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 340.
       * Cone truncado. Altura: 5,5 cm.
       * Prisma hexagonal truncado. Altura: 6 cm.

    Índice

    Coleção elementar «Musée-Recueil» da casa Delagrave de Paris fornecida pela Livraria Portuense de Clavel & C.ª, em novembro de 1882
    Em novembro de 1882, a Livraria Portuense de Clavel & C.ª fornece à Aula de Desenho da Universidade a colecção elementar «Musée-Recueil» da casa Delagrave de Paris, assim identificada pelo professor da cadeira de Desenho, José Miguel de Abreu (1850-1921), no catálogo de tais modelos, datado de 15.11.1883, publicado no Anuário da Universidade de Coimbra de 1883-1884 (pp. 267-276). Na folha de despesa e respetiva fatura, esta coleção de modelos de gesso é identificada por «Chédeville, Musée-recueil de modèles» [15]. A legenda e numeração dos modelos seguintes são as do referido catálogo. Entre parêntesis, indica-se o número, possivelmente do catálogo da Casa Delagrave, gravado no próprio modelo. A coleção atual é constituída por 69 modelos. Há diversas cópias de alguns dos modelos desta coleção, que terão sido executadas em Coimbra, em finais de 1885, pelo estucador Francisco António Meira.

                  Anuário da UC [13: 1883-84, 270-274].

    Coleção Museu, por Léon Chèdeville (?-1883, escultor)
      A.A. Bullot, Enseignement du dessin par les solides, Librairie Charles Delagrave, 1882.

       N.º 73 - Cubo (n.º 1). Altura: 4,5 cm.
       N.º 74 - Prisma triangular reto (n.º 2). Altura: 6 cm.
       N.º 75 - Pirâmide triangular regular (n.º 3). Altura: 7 cm.
       N.º 76 - Prisma hexagonal reto (n.º 4). Altura: 6 cm.
       N.º 77 - Prisma hexagonal oblíquo (n.º 5). Altura: 5,5 cm.
       N.º 78 - Prisma hexagonal truncado (n.º 6). Altura: 6 cm.
       N.º 79 - Pirâmide quadrangular regular (n.º 7). Altura: 6,5 cm.
       N.º 80 - Octaédro (n.º 8). Altura: 9 cm.
       N.º 81 - Pirâmide regular hexagonal truncada (n.º 9). Altura: 5 cm.
       * N.º 82 - Icosaedro (n.º 10). Altura: 7 cm.
       N.º 83 - Semi-esfera (n.º 11). Diâmetro: 7 cm.
       N.º 85 - Cilindro reto de revolução (n.º 13). Altura: 6 cm.
       N.º 86 - Cilindro truncado (n.º 14). Altura: 6 cm.
       N.º 87 - Cone reto de revolução (n.º 15). Altura: 7,5 cm.
       N.º 88 - Secção cónica, de que resulta a elipse (n.º 16). Altura: 5,5 cm.
          N.º 89 - Secção cónica, de que resulta a parábola (n.º 17). Altura: 7,5 cm.
          N.º 90 - Secção cónica, de que resulta um ramo de hipérbole (n.º 18). Altura: 7,5 cm.
       N.º 91 - Pirâmide quadrangular truncada (n.º 19). Base: 7 x 7 cm.
       N.º 92 - Pirâmide quadrangular tendo a base vertical (n.º 20). Base: 7 x 7 cm.
       N.º 93 - Parte de um pilar, limitado por superfícies planas e superfícies cilíndricas (côncavas) (n.º 21). Base: 7,5 x 7,5 cm.
       * N.º 94 - Parte de um pilar, cuja secção reta tem a forma de cruz (n.º omisso). Base: 8 x 8 cm.
       N.º 95 - Segmento esférico (n.º 23). Diâmetro maior: 7,8 cm.
       N.º 96 - Base de coluna, envolvida num pilar (n.º 24). Dimensões: 8 x 7,5 x 3,8 cm.
       Não incluído na listagem (n.º 25). Aresta: 6,3 cm.
       * Não incluído na listagem (n.º 26). Dimensões: 11 x 11 x 6,5 cm.
       N.º 97 - Pedestal, cujas faces são apaineladas (n.º 27). Altura: 9 cm. Há 12 exemplares deste modelo.
       N.º 98 - Mausoléu em forma de pirâmide (n.º 28). Altura: 13 cm. Há 12 exemplares deste modelo. Em um deles (modelo oco) está aposto o selo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 98.
       N.º 99 - Marco de forma cilíndrica (n.º 29). Altura: 9 cm. Há 9 exemplares deste modelo.
       N.º 101 - Balaústre de forma circular (n.º 30). Altura: 9,5 cm.
       N.º 102 - Balaústre de forma quadrangular (n.º 31). Altura: 10 cm. Há 4 exemplares deste modelo.
       Não incluído na listagem (n.º 32). Altura: 10 cm. Há 9 exemplares deste modelo.
       N.º 103 - Degrau duma escada de caracol (n.º 33). Altura: 11,5 cm.
       * N.º 105 - Vaso do estilo japonês (n.º 35?). Altura: 8 cm.
       N.º 106 - Vaso com pé de forma etrusca (n.º 36). Altura: 11 cm. Há 10 exemplares deste modelo.
          N.º 107 - Ornato em forma de grega (n.º 37). Dimensões: 7,5 x 14,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 107.
          N.º 108 - Ornato em forma de escamas (n.º 38). Dimensões: 8,5 x 14,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 108.
          N.º 109 - Faixa com ornatos em forma de dentes de serra (n.º 39). Dimensões: 7,5 x 15,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 109.
       * N.º 110 - Peça duma arquivolta ... (n.º 40). Dimensões: 9 x 9 x 9,5 cm.
       * N.º 111 - Peça duma arquivolta ... (n.º 41). Dimensões: 7,5 x 10 x 15 cm.
       * N.º 112 - Friso composto de diversas molduras ... (n.º 42). Dimensões: 12,5 x 16 cm.
       N.º 113 - Cornija com ornatos em forma de xadrez (n.º 43). Dimensões: 10 x 16,5 cm.
       N.º 114 - Friso com ornatos de forma retangular (n.º 44). Dimensões: 8,5 x 15 cm.
       N.º 116 - Ornato em forma de grega ou meandro, com florão (n.º 45). Dimensões: 14,5 x 17,5 cm.
       N.º 119 - Ornato composto de folhas d'agua, com forma de coração (n.º 48). Dimensões: 8 x 15,5 cm.
          N.º 120 - Friso, ornado de florões (n.º 49). Dimensões: 11 x 17,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 120.
       * N.º 121 - Cornija, ornada de modilhões e de escamas, ... (n.º 50). Dimensões: 10 x 18 cm.
       * N.º 122 - Cornija da igreja de Notre-Dame de Dijon. ... (n.º 51). Dimensões: 9,5 x 19 cm.
       * N.º 123 - Cornija da catedral de Rouen. ... (n.º 52). Dimensões: 10,5 x 16 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 123.
       * N.º 125 - Inicial recortada de Anna de Bretanha, ... (n.º 54). Dimensões: 17 x 22,5 cm.
       * N.º 126 - Modilhão. ... (n.º 55). Altura: 18 cm.
       N.º 127 - Balaustrada. ... (n.º 56). Altura: 11,5 cm.
       * N.º 128 - Florões do túmulo de Cipião (n.º 57). Diâmetro: 15 cm.
       N.º 129 - Florões do túmulo de Cipião (n.º 58). Diâmetro: 15 cm.
       * N.º 130 - Almofada esculpida, pertencente a uma porta de madeira ... (n.º 59). Dimensões: 19 x 19 cm.
       * N.º 131 - Folha de bordo das florestas (fragmento dum capitel) ... (n.º 60). Dimensões: 11 x 16,5 cm.
       * N.º 133 - Leme de ferro forjado, pertencente a uma porta da igreja d'Ébreuil ... (n.º 62). Dimensões: 17 x 21 cm.
       N.º 134 - Remate composto de volutas, dispostas em simetria, e de palmas, copiado do Partenon (n.º 63). Altura: 21 cm.
       N.º 136 - Florão disposto em forma de folha de trevo, ... (n.º 65). Dimensões: 20,5 x 21 cm.
       N.º 137 - Folhas de hera ornamentando uma moldura côncava. Sainte-Chapelle de Paris (n.º 66). Dimensões: 10 x 19,5 cm.
       N.º 138 - Fecho de abóbada (florão), composto de folhas de bordo, copiado da Sainte-Chapelle de Paris ... (n.º 67). Diâmetro: 17,5 cm.
       N.º 141 - Friso e cornija, ornados de óvulos, raio de coração, gregas, florões, e copiados de edifícios gregos (n.º 70). Dimensões: 18 x 22,5 cm.
       * N.º 142 - Folhas de carvalho. Dimensões: 16 x 16 cm [Em dúvida: não é visível a numeração caraterística dos modelos desta série, nem o selo da casa Delagrave.]
       * N.º 144 - Ornato denominado cartuxo (n.º 73). Dimensões: 15,5 x 22,5 cm.
       * N.º 145 - Painel ornamentado com arabescos (n.º 74). Dimensões: 14,5 x 14,5 cm.
       N.º 146 - Gola, ornada de folhas de bordo, copiada da Sainte-Chapelle de Paris (n.º 75). Dimensões: 10 x 27 cm.
       * N.º 147 - Toro ornado de folhas de loureiro. ... (n.º 76). Dimensões: 16,5 x 20,5 cm.
       N.º 150 - Friso da renascença, ornado de folhas, copiado da catedral de Chartres (n.º 79). Dimensões: 12,5 x 31 cm.
       N.º 154 - Crista com recortes abertos em toda a sua espessura, ... (n.º 83). Altura: 18 cm.
       * N.º 155 - Remate em forma de florão, copiado da catedral de Paris. ... (n.º 84). Altura: 26,5 cm.

    Índice

    Coleção superior «Musée-Recueil» da casa Delagrave de Paris fornecida pela Livraria Portuense de Clavel & C.ª, em novembro de 1882
    Em novembro de 1882, a Livraria Portuense de Clavel & C.ª fornece à Aula de Desenho da Universidade a coleção superior «Musée-Recueil», dividida em duas séries, da casa Delagrave de Paris, assim identificada pelo professor da cadeira de Desenho, José Miguel de Abreu (1850-1921), no catálogo de tais modelos, datado de 15.11.1883, publicado no Anuário da Universidade de Coimbra de 1883-1884 (pp. 267-276). Na folha de despesa e respetiva fatura, as duas séries de modelos são identificadas por «Modèles d'ornements. Collection supérieure» e «Rouillard, Collection d'animaux, 2.e série» [15]. A legenda e numeração dos modelos seguintes são as do referido catálogo. Entre parêntesis, indica-se o número gravado no próprio modelo. A coleção atual é constituída por 19 modelos.

            Anuário da UC [13: 1883-84, 274-276].

    Modelos de ornamentos
      A.A. Bullot, Enseignement du dessin par les solides, Librairie Charles Delagrave, 1882.

       * N.º 158 - Florões. Escultura em pedra ... Época de Francisco I (n.º 2). Diâmetro: 36,5 cm.
       * N.º 165 - Florões esculpidos em pedra ... Época de Francisco I (n.º 9). Diâmetro: 26 cm.
       * N.º 166 - Florões ... (n.º 10). Diâmetro: 32 cm.
       * N.º 167 - Florões ... (n.º 11). Diâmetro: 35 cm.
       * N.º 169 - Florões ... (n.º 13). Diâmetro: 34 cm.
       * N.º 170 - Capitel de pilastra, ... (n.º 14). Altura: 27,5 cm.
       N.º 151 - Capitel da Sainte Chapelle, de Paris ... (n.º 15). Altura: 15 cm.
       N.º 171 - Letra F, ornamentada, cujo original ... (n.º 16). Altura: 69 cm.
       * N.º 172 - Carrancas (n.º 17). Altura: 72 cm.
       N.º 173 - Carrancas (n.º 18). Altura: 72 cm.
       * N.º 180 - Painéis ornamentados ... - Época de Henrique II (n.º 25). Dimensões: 24 x 38,5 cm.
       * N.º 181 - Carrancas (n.º 27). Altura: 63 cm.
       N.º 182 - Carrancas (n.º 28). Altura: 63 cm.
       N.º 183 - Friso esculpido em pedra (n.º 29). Dimensões: 17 x 48 cm.
       * N.º 184 - Friso, esculpido em pedra, da capela de Minimos, em Nevers ... (n.º 30). Dimensões: 37 x 86 cm.
       * N.º 185 - Friso esculpido em pedra, com as armas da família de Clèves (n.º 31). Dimensões: 15 x 63 cm.
       N.º 187 - Modilhão ornamentado. ... (n.º 33). Dimensões: 32 x 73 cm.
       * N.º 189 - Baixo relevo, esculpido em alabastro. Fragmento da parte media de um friso (n.º 35). Dimensões: 12,5 x 26 cm.

    Modelos de animais, por Pierre Louis Rouillard (1820-1881, escultor)
      A.A. Bullot, Enseignement du dessin par les solides, Librairie Charles Delagrave, 1882.

       * N.º 197 - Cabeça de égua (n.º 8). Dimensões: 38,5 x 53,5 cm.

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    Reproduções em gesso adquiridas ao estucador Guido Baptista Lipi em 1884
    Em meados de 1884, José Miguel de Abreu adquire um conjunto de reproduções em gesso a Guido Baptista Lipi (-1899), formador da Academia das Belas Artes de Lisboa, possivelmente na sequência da participação de ambos na Exposição de Manufacturas do distrito de Coimbra, promovida pela Escola Livre das Artes do Desenho, no início de 1884 [20]. Em Novembro de 1881, já Guido Lipi estava a trabalhar em Coimbra moldando aí diversas peças [9], algumas das quais podemos encontrar no Museu de Escultura Comparada de Mafra. Poderá datar dessa altura o primeiro contacto entre ambos, pois no início de 1882 Guido Lipi efetua concertos em alguns dos modelos da aula da desenho da Universidade. As legendas das imagens seguintes são baseadas no respetivo documento de despesa [15]. Das duas primeiras reproduções adquirem-se duas cópias, mas só uma pertence à coleção do Departamento de Matemática da UC.

       Medalhão (caricatura) do túmulo de D. Afonso Henriques da Igreja de Santa Cruz. Diâmetro: 33 cm.
       * Medalhão que orna o tímpano da porta lateral da Sé Velha. Diâmetro: 82 cm.
       * Painel que orna uma das janelas da Igreja de Góis. Altura: 90,5 cm.

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    Coleção N.º 1 de sólidos geométricos idealizada por José Miguel de Abreu
    Coleção de 18 modelos em gesso executados pelo estucador, residente em Coimbra, Francisco António Meira, segundo os desenhos e sob direção de José Miguel de Abreu (1850-1921). Esta coleção é uma das três coleções de modelos em gesso da autoria de José Miguel de Abreu que, em 1883, estavam disponíveis ao público, e que serviam de complemento aos livros que o mesmo publicara. De acordo com a descrição da coleção feita pelo autor, a coleção N.º 1 é composta por modelos que representam sólidos geométricos e algumas combinações dos mesmos sólidos. Apesar da documentação de despesa não fornecer informação sobre a aquisição desta coleção, é bem possível que ela tenha ocorrido em data próxima da das duas coleções seguintes (Julho de 1885). Esta coleção era vendida em Coimbra pela livraria de Manuel de Almeida Cabral (Livraria Portuguesa e Estrangeira). A numeração indicada nas legendas seguintes é a do catálogo destes modelos. A coleção atual é constituída pelos 18 modelos adquiridos, todos em ótimo estado de conservação.

      J.M. Abreu, Problemas de desenho linear rigoroso, Coimbra: Imprensa da Universidade, 1883.

       N.º 1. Dimensões: 15 x 17 cm.
          N.º 2. Dimensões: 15 x 17 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 199.
          N.º 3. Dimensões: 17 x 18,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 200.
       N.º 4. Dimensões: 17 x 18,5 cm.
       * N.º 5. Eixo maior: 20 cm.
       * N.º 6. Eixo maior: 20 cm.
       N.º 7. Diâmetro: 12 cm.
       N.º 8. Diâmetro: 12 cm.
       N.º 9. Diâmetro: 14 cm.
       N.º 10. Diâmetro: 14 cm.
       N.º 11. Eixo maior: 19,5 cm.
       N.º 12. Eixo maior: 19,5 cm.
       * N.º 13. Eixo maior: 20 cm.
       N.º 14. Eixo maior: 20 cm.
       N.º 15. Diâmetro: 11 cm.
       N.º 16. Diâmetro: 11 cm.
       N.º 17. Diâmetro: 9 cm.
       N.º 18. Diâmetro: 9 cm.

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    Coleção N.º 3 de sólidos geométricos idealizada por José Miguel de Abreu, adquirida em julho de 1885
    Coleção de 12 modelos em gesso executados pelo estucador, residente em Coimbra, Francisco António Meira, segundo os desenhos e sob direção de José Miguel de Abreu (1850-1921). De acordo com o autor, a coleção N.º 3 é composta por modelos que representam sólidos geométricos não representados na coleção N.º 1, bem como secções no cilindro e nos cones e uma penetração. A numeração indicada nas figuras seguintes é a gravada no próprio modelo. Apesar da documentação de despesa não identificar o fornecedor [15], esta coleção era vendida em Coimbra pela casa de Manuel de Almeida Cabral (Livraria Portuguesa e Estrangeira). A coleção atual é constituída por 10 modelos.

      J.M. Abreu, Problemas de desenho linear rigoroso, Coimbra: Imprensa da Universidade, 1883.

       * N.º 2. Altura: 16 cm.
       N.º 3 - Cubo. Altura: 9 cm.
          N.º 4 - Pirâmide regular hexagonal truncada. Altura: 6,5 cm.
       N.º 5 - Cilindro truncado. Altura: 10,5 cm.
       N.º 6 - Secção cónica. Altura: 8,5 cm.
       N.º 7 - Paralelepípedo e cilindro. Altura: 19,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 222.
       * N.º 8 - Paralelepípedo e pirâmide. Altura: 20,5 cm.
       * N.º 9 - Cilindro. Altura: 17 cm.
       N.º 11 - Secção cónica. Hipérbole. Altura: 21 cm.
          N.º 12 - Interseção de um cilindro com um cone. Altura: 16 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 227.

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    Coleção de modelos de folhas de plantas «formadas do natural», adquirida em julho de 1885
    Em julho de 1885, José Miguel de Abreu adquire uma coleção de modelos em gesso de folhas de plantas «formadas do natural». De acordo com a documentação de despesa, que, tal como para as duas coleções anteriores, é omissa relativamente ao fornecedor e fabricante, a coleção era constituída por 52 modelos [15]. As legendas gravadas nos modelos, em português, revelam tratar-se dum fabricante nacional. Tal como as duas coleções anteriores, é bem possível que esta coleção tenha sido fabricada pelo já referido estucador Francisco António Meira (1848-?). A sustentar esta hipótese está o facto desta e da coleção anterior terem sido adquiridas na mesma altura, fazendo parte da mesma folha de despesa, e principalmente o facto de Francisco António Meira possuir uma coleção de moldagens em gesso, que incluía modelos de folhas reproduzidas do natural, com a qual concorre à Exposição Industrial de Lisboa de 1888 [9]. A numeração dos modelos que a seguir se indica está gravada no próprio modelo. A coleção atual é constituída por apenas 5 modelos.

       N.º 1. Altura: 26,5 cm.
       * N.º 30. Altura: 23,5 cm.
       * N.º 33. Altura: 23,5 cm.
       * N.º 34. Altura: 23,5 cm.
       * N.º 49. Altura: 34 cm.

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    Modelos fornecidos pela livraria de Manuel de Almeida Cabral de Coimbra, em junho 1886
    Em junho de 1886, a livraria de Manuel de Almeida Cabral (Livraria Portuguesa e Estrangeira) fornece diverso material para a Aula de Desenho, entre o qual encontramos «modelos de grandes dimensões das quatro ordens de arquitetura, toscana, dórica, jónica e coríntia, medidos e executados segundo Vignole, por M. Avoire» e um «modelo em corte de uma cúpula segundo Vignole, por M. Avoire» [15]. Apesar da documentação de despesa não identificar o fabricante, é provável que estes modelos tenham sido adquiridos à casa Delagrave de Paris que comercializava esta coleção.

    Grandes modelos das ordens de arquitetura segundo Vignole, por Avoire
      A.A. Bullot, Enseignement du dessin par les solides, Librairie Charles Delagrave, 1882.

          * N.º 1 - Ordem toscana. Altura: 127 + 34 cm.
          * N.º 2 - Ordem dórica. Altura: 144 cm.
          * N.º 3 - Ordem jónica. Altura: 163 + 31 cm.
       * N.º 4 - Ordem coríntia. Altura: 126 cm.

    Modelo em corte de uma cúpula segundo Vignole, por Avoire
      A.A. Bullot, , Librairie Charles Delagrave, 1882.

          * Modelo em corte de uma cúpula. Altura: 38 cm.

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    Perspetógrafo adquirido a uma casa de Paris, em junho de 1886
    Em junho de 1886, José Miguel de Abreu adquire a uma casa de Paris um «perspectographo» para o estudo da perspetiva. No documento de despesa respetivo, regista-se ainda o pagamento de fretes do mesmo aparelho desde Paris até Coimbra [15]. Uma imagem deste mesmo aparelho surge no catálogo da Casa Delagrave de 1890 [22, p. 47], fazendo parte do material necessário para o ensino do desenho organizado por Jules Pillet (1842-1912).

       * Ocular e quadro do perspetógrafo. Altura: 40,5 cm. Selo aposto no modelo: Universidade de Coimbra, Aula de Desenho, Modelo N.º 1318.

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    Outros modelo em gesso


       Friso. Dimensões: 4,5 x 20,5 x 3,5 cm.
       * Coluna. Altura: 120,5 cm.
       * Modelo de uma escada suspensa, em madeira e gesso. Base: 62 cm x 32 cm.

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    Outros modelos em madeira

    Gravada nos primeiros modelos surge a numeração indicada nas legendas das imagens seguintes.

       * 01.6. Base: 8,5 cm x 10 cm.
       02.4. Altura: 8 cm. Há mais 4 exemplares deste modelo com as numerações 02.2, 02.3, 02.5 e 02.6.
       03.5. Altura: 10,5 cm. Há mais 1 exemplar deste modelo com a numeração 03.3.
       * 04.1. Altura: 12 cm.
       05.2. Altura: 10,5 cm.
       * 06.0. Altura: 4 cm.
       * 07.3. Altura: 5 cm.

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    Modelos do mesmo tipo, mas não apresentando a numeração dos anteriores

       Altura: 8 cm. Há 2 exemplares deste modelo.
       Altura: 9 cm. Há 2 exemplares deste modelo.
       Altura: 10 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       * Altura: 5 cm.

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    Outro modelo em madeira

       * Altura: 13,5 cm.

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  • Modelos didáticos da Aula de Desenho anexa à Faculdade de Filosofia
    A partir do ano escolar de 1897-98 a cadeira de desenho anexa à Faculdade de Matemática passa a contar com o concurso de dois professores, um responsável pelo curso matemático e outro pelo curso filosófico. Logo a partir de janeiro de 1898, António Augusto Gonçalves (1848-1932) ficará a reger o curso de desenho filosófico, na qualidade de professor substituto interino. A partir do ano letivo de 1902-03, ocupará o lugar de professor proprietário da cadeira de desenho anexa à Faculdade de Filosofia.
    Os modelos seguintes dizem respeito a aquisições realizadas, em três momentos distintos, por iniciativa de António Augusto Gonçalves. A primeira, relativa a baixos-relevos adquiridos - por oferta do próprio António Augusto Gonçalves -, durante o ano letivo de 1898-99, para o curso de desenho filosófico da Faculdade de Matemática. As restantes, relativas a modelos adquiridos, em 1904-05 e 1906-07, para os 1.º e 2.º anos da aula de Desenho anexa à Faculdade de Filosofia. Pelo menos os modelos adquiridos para o estudo de figura, no 2.º ano curso, terão sido adquiridos à Academia de Belas Artes de Lisboa.

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    Baixos-relevos adquiridos para o 1.º ano
    Esta coleção é atualmente constituída por 46 baixos-relevos distintos, existindo diversas cópias de muitos dos modelos.

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    Baixos-relevos de aparelhos
       Largura: 18,5 cm, Altura: 25 cm. Há 6 exemplares deste modelo.
       Largura: 21,5 cm, Altura: 23,5 cm.
       Largura: 22 cm, Altura: 28 cm.
       Largura: 25 cm, Altura: 21,5 cm. Há 8 exemplares deste modelo.
       Largura: 30 cm, Altura: 25 cm. Há 8 exemplares deste modelo.
       Largura: 27,5 cm, Altura: 17,5 cm. Há 9 exemplares deste modelo.
       Largura: 21 cm, Altura: 25 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       Largura: 26,5 cm, Altura: 20,5 cm. Há 2 exemplares deste modelo.

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    Baixos-relevos de plantas
       Largura: 17,5 cm, Altura: 23,5 cm. Há 5 exemplares deste modelo.
       Largura: 18 cm, Altura: 27 cm. Há 9 exemplares deste modelo.
       * Largura: 23 cm, Altura: 30,5 cm.
       * Largura: 17 cm, Altura: 27,5 cm.
       * Largura: 20 cm, Altura: 31 cm.

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    Baixos-relevos de botânica
       Largura: 20 cm, Altura: 27 cm. Há 10 exemplares deste modelo.
       Largura: 20 cm, Altura: 25,5 cm. Há 8 exemplares deste modelo.
       Largura: 21,5 cm, Altura: 23 cm. Há 9 exemplares deste modelo.
       * Largura: 23 cm, Altura: 29 cm. Há 5 exemplares deste modelo.

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    Baixos-relevos de zoologia
       Cão. Largura: 33 cm, Altura: 26 cm. Há 7 exemplares deste modelo.
       Cabeça de Cão. Largura: 25,5 cm, Altura: 20,5 cm. Há 6 exemplares deste modelo.
       Outro Cão. Largura: 29,5 cm, Altura: 23 cm. Há 4 exemplares deste modelo.
       * Cabeça de Gato. Largura: 17 cm, Altura: 18 cm. Há 2 exemplares deste modelo.
       Cabeça de Cavalo. Largura: 21 cm, Altura: 21,5 cm.
       Cavalo e cavaleiro. Largura: 33 cm, Altura: 36 cm.
       Cabeça de Carneiro. Largura: 22,5 cm, Altura: 18,5 cm. Há 5 exemplares deste modelo.
       Burro. Largura: 31 cm, Altura: 31 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       Boi. Largura: 36 cm, Altura: 28 cm. Há 7 exemplares deste modelo.
       * Cabeça de Boi. Largura: 20 cm, Altura: 19 cm. Há 7 exemplares deste modelo.
       Ave de rapina. Largura: 20 cm, Altura: 27,5 cm. Há 5 exemplares deste modelo.
       Pássaro. Largura: 20,5 cm, Altura: 25 cm.
       Morcego. Largura: 29,5 cm, Altura: 14,5 cm. Há 4 exemplares deste modelo.
       Sapo. Largura: 16,5 cm, Altura: 15 cm. Há 6 exemplares deste modelo.
       Cabeça de Veado. Largura: 20,5 cm, Altura: 28,5 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       Veado. Largura: 37 cm, Altura: 37 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       Pantera. Largura: 39 cm, Altura: 25 cm. Há 4 exemplares deste modelo.
       Tigre. Largura: 35 cm, Altura: 45 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       * Chimpanzé. Largura: 25 cm, Altura: 40 cm. Há 4 exemplares deste modelo.
       * Cabeça de Leão. Largura: 23 cm, Altura: 23 cm. Há 4 exemplares deste modelo.
       * Cabeça de Raposa. Largura: 25,5 cm, Altura: 21 cm. Há 7 exemplares deste modelo.

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    Baixos-relevos de anatomia
       Crânio. Largura: 19,5 cm, Altura: 18,5 cm.
       Olho. Largura: 18,5 cm, Altura: 20 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       Coração. Largura: 17,5 cm, Altura: 24 cm. Há 2 exemplares deste modelo.

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    Baixos-relevos de figura humana
       Cabeça de rapariga. Largura: 23,5 cm, Altura: 27,5 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       Cabeça de menina. Largura: 21 cm, Altura: 27,5 cm. Há 4 exemplares deste modelo.
       Cabeça de mulher. Largura: 23,5 cm, Altura: 27,5 cm. Há 5 exemplares deste modelo.
       Cabeça de homem idoso. Largura: 25 cm, Altura: 29 cm. Há 3 exemplares deste modelo.
       Cabeça de mulher idosa. Largura: 24 cm, Altura: 32 cm. Há 3 exemplares deste modelo.

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    Modelos adquiridos para o 2.º ano para o estudo de figura
    As legendas seguintes constam da nota de encomenda ou do documento de despesa respetivo [15]. Esta coleção é atualmente constituída por 9 modelos.

       * Cabeça de rapaz. Altura: 26 cm.
       * Busto de rapariga. Altura: 37 cm.
       * Busto de mulher (Esc. florentina). Altura: 56 cm.
       * Busto de homem (Esc. florentina). Altura: 56 cm.
       Máscara de escravo (Miguel Ângelo) (?). Altura: 47 cm.
       Cabeça de Vitela. Altura: 34 cm.
       * Altura: 42 cm.
       * Busto de Agripa (?). Altura: 57 cm.
       * Altura: 52 cm.

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  • Fontes bibliográficas e documentais
  1. Abreu, José Maria de. Legislação académica: desde os Estatutos de 1772 até ao fim do anno de 1850. Colligida e coordenada por ordem do Excellentissimo Senhor Conselheiro Reitor da Universidade de Coimbra. Coimbra: Na Imprensa da Universidade, 1851.
  2. Abreu, José Maria de. Legislação académica desde 1855 até 1863 e Supplemento á legislação anterior. Colligida e coordenada pelo conselheiro José Maria de Abreu. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1863.
  3. Abreu, José Miguel de. Problemas de desenho linear rigoroso: seguidos de muitas applicações: terceira parte, 1.ª caderneta. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1883.
  4. Abreu, José Miguel de. Aula de Desenho anexa à Faculdade de Matemática: Catálogo dos modelos para o ensino, comprados nos anos lectivos de 1881 a 1883, Anuário da Universidade de Coimbra, Ano lectivo de 1883 a 1884, pp. 267-276, 1883.
  5. Almeida, Luís da Costa e. A Faculdade de Mathematica da Universidade de Coimbra (1872-1892). Coimbra: Imprensa da Universidade, 1892. URL: https://am.uc.pt/item/46390
  6. Freire, Francisco de Castro. Memoria historica da Faculdade de Mathematica nos cem annos decorridos desde a reforma da Universidade em 1772 até o presente. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1872. URL: https://am.uc.pt/bib-geral/item/46683
  7. L'Inventaire du Patrimoine des Hauts-de-France. Collection Muret. Dossier IM59002857, 2015 (http://patrimoine.hautsdefrance.fr/dossier/collection-muret/f8a8ae78-74fa-4dfb-beda-3365df7057ed).
  8. Loureiro, José Pinto. Livreiros e livrarias de Coimbra. Arquivo Coimbrão (Boletim da Biblioteca Municipal), Vol. XII, 69-171, 1954.
  9. Mendonça, Ricardo Jorge dos Reis. A recepção de escultura clássica na Academia de Belas-Artes de Lisboa. Tese de doutoramento em Belas Artes, Universidade de Lisboa, 2014. URL: https://repositorio.ul.pt/handle/10451/15630
  10. Ministério das Obras Públicas Comércio e Industria. Relatório sobre o Instituto Industrial e Commercial do Porto. Ano Lectivo de 1887-1888. Lisboa: Imprensa Nacional, 1889.
  11. Simões, A.A. da Costa. Hospitaes da Universidade de Coimbra: projecto de reconstrucção do hospital do Collegio das Artes. Lisboa: Imprensa Nacional, 1869. URL: https://am.uc.pt/historiaciencia/item/46659
  12. UC. Actas das congregações da Faculdade de Mathematica, 1773-1911. Arquivo da Universidade de Coimbra.
  13. UC. Anuário da Universidade de Coimbra. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1866-1911.
  14. UC. Correspondência da Universidade de Coimbra. Arquivo da Universidade de Coimbra.
  15. UC. Documentos de despesa dos diversos estabelecimentos da Universidade de Coimbra, 1834-1916. Arquivo da Universidade de Coimbra.
  16. UC. Estatutos da Universidade de Coimbra (1772). Coimbra : Por Ordem da Universidade, 1972. URL: https://pesquisa.auc.uc.pt/details?id=272471
  17. UC. Processos individuais dos professores. Arquivo da Universidade de Coimbra.
  18. UC. Programmas dos estudos de cada uma das cadeiras das diferentes Faculdades da Universidade de Coimbra no anno lectivo de 1872-1873. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1873.
  19. UC. Relação dos estudantes matriculados na Universidade de Coimbra. Coimbra: Na Real Imprensa da Universidade, 1801-1865.
  20. Vasconcelos, Joaquim de. As Belas Artes na Exposição de Coimbra, Revista Ilustrada da Exposição Distrital de Coimbra, pp. 48-54, 1884.
  21. Bullot, A.A. Enseignement du dessin par les solides applicable dans les écoles primaries, professionelles et supérieures. Librairie Charles Delagrave, 1882. https://emuseum.mfah.org/objects/135836/
  22. Catalogue des modèles géométriques des plan-reliefs et des planches à l'usage des divers ordres d'enseignement, du dessin linéaire et des écoles spéciales construits par Ch. Muret. Librairie Charles Delagrave, 1890.
  23. Tenreiro, C. A Aula de Desenho e Arquitetura da nova Faculdade de Matemática: um projeto adiado. In Redes Científicas da Universidade de Coimbra no Iluminismo, Carlota Simões, Ana Cristina Araújo, Pedro Casaleiro (eds), Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 109-136, 2022. DOI: 10.14195/978-989-26-2263-7

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Para citar esta página:

Carlos Tenreiro (2016). A Aula de Desenho da Universidade de Coimbra e a sua coleção de modelos para o ensino (1840-1911), URL: https://www.mat.uc.pt/~tenreiro/GDDesenho/Desenho.html


Outras coleções de modelos didáticos do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra

Modelos de Martin Schilling da Universidade de Coimbra
Modelos de Herman Wiener da Universidade de Coimbra
Modelos de Théodore Olivier da Universidade de Coimbra
Modelos didáticos da Aula de Geometria Descritiva da Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra